São Paulo, domingo, 14 de maio de 1995
Texto Anterior | Índice

Rouanet e Habermas; Chacina no Rio; Ataque à Força Sindical; Melhores filmes; Crianças e racismo; Restituição de imposto

Rouanet e Habermas
``Parabenizo o trio Folha/Freitag/Rouanet pela brilhante entrevista com Habermas (Mais!, 30/4). Mais uma vez este jornal se mostra preocupado com as questões de seu tempo. Espero que repitam a dose."
Marcílio Toscano Franca Filho (João Pessoa, PB)

Chacina no Rio
'`As declarações do governador do Rio de Janeiro, o sr. Marcelo Alencar, a respeito da chacina na favela Nova Brasília, segundo as quais `felizmente, desta vez o registro não é da morte de policiais e sim de bandidos', só reitera a brilhante formulação do sr. P. Sané, em artigo publicado nesta Folha na seção Tendências/Debates: falam-se línguas diferentes no Brasil. Como se justifica a ausência de perícia antes da remoção dos corpos? Como se justifica o fato de um dos supostos traficantes assassinados estar de mãos amarradas? Como se explica a declaração de um morador, que afirma insistentemente que os supostos traficantes pediram para não serem mortos -ou melhor, barbaramente executados? Sim, sr. Sané, falam-se duas línguas no Brasil -uma é a dos governantes e dos cidadãos herdeiros do passado escravista e fundiário, e a outra, a da imensa maioria dos brasileiros: descendentes de ex-escravos e nem sequer projetos de cidadãos."
Luiz Geraldo Santos da Silva, professor-assistente do Departamento de História da Universidade Federal do Paraná (Curitiba, PR)

Ataque à Força Sindical
``As denúncias que relatei com exclusividade à Folha, revelando um esquema paralelo do presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros, de arrecadação de recursos junto às multinacionais e com ajuda do governo Collor, tinha como objetivo alertar a sociedade sobre o `sindicalismo de negócios' praticado pelo núcleo de poder da Força Sindical, que não está sob o controle dos sindicatos representativos filiados à central. Esse tipo de sindicalismo obedece a uma determinada lógica, que é de buscar de maneira oportunista a fórmula mais eficiente de obter recursos, levantando bandeiras de interesse de grandes grupos empresariais e que, de preferência, sejam contrárias às teorias defendidas pela CUT. Foi assim que nasceu a Força Sindical. A fundamentação apresentada ao então presidente Fernando Collor de Mello foi da necessidade de existir um contraponto no movimento sindical às ações articuladas pela CUT. Medeiros e seu sucessor, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, têm sobrevivido desse contraponto. Alerto novamente a sociedade e todos os setores que efetivamente clamam por reformas estruturais neste país que a falácia que Medeiros e seus adjuntos tentam alardear segue a mesma lógica: angariar recursos articulados com interesses pontuais de grandes grupos multinacionais e esconder toda a sujeira que os cerca embaixo do tapete. Se esse esquema de arrecadação era tão lícito quanto afirma Medeiros, por que ele foi desenvolvido na calada da noite, escondido de grande parte da direção da Força Sindical? E por que não foi amplamente divulgado na Rede Globo como as outras ações de Medeiros? Por que foi necessário que eu, após dois anos, viesse revelá-la? Por que os recursos arrecadados tinham o destino de uma conta secreta no exterior? Eu tenho a exata dimensão da gravidade dessas denúncias e foi exatamente por estarem guardadas na minha consciência que não suportei ficar calado. Fico muito triste ao ver trabalhadores e aposentados segurando tochas e bandeiras sem saber os interesses que estão por trás das manifestações organizadas pela Força Sindical. A busca incansável de Medeiros em se manter no contraponto à CUT faz com que ele se aproxime do presidente Fernando Henrique Cardoso, oferecendo a Força Sindical como escudo aos ovos e tomates dos segmentos anti-reformas, na tentativa de superar o desgaste de sua recente aventura eleitoral em São Paulo. Como se vê, a preocupação de Medeiros não é com democracia, mudanças ou com reformas, e sim com o fortalecimento do seu esquema paralelo de arrecadação inescrupulosa que continua em andamento. Ele pode enganar a muitos, menos àqueles que participaram junto com ele destas arrecadações. Acredito na Justiça, nos princípios democráticos e na cidadania e tenho certeza que os fatos que revelei irão contribuir para o amadurecimento cada vez maior da sociedade brasileira."
Wagner Cinchetto, consultor político-sindical e ex-assessor da Força Sindical (São Paulo, SP)

Melhores filmes
``A Folha de 10/5 brindou seus leitores com um caderno especial sobre os dez melhores filmes do século. Que tal a Folha promover uma pesquisa via Datafolha ou encarte no próprio jornal, onde os leitores citariam os dez melhores filmes? Nos dados de informação sobre o respondente, poderia constar: idade, sexo e escolaridade."
Silvio Ribeiro de Campos (São Paulo, SP)

``Achei excelente a iniciativa da Folha de publicar o caderno especial Os 10 Melhores Filmes (edição de 10/5) visando conhecer a seleção dos dez melhores filmes escolhidos por críticos e jornalistas especializados de vários países e, a partir dos mais citados, eleger os dez filmes mais significativos nestes cem anos da história do cinema mundial. Mais importante ainda, para mim, foi conhecer o gosto da crítica nacional -aquela que leio frequentemente- para que possa ter mais parâmetros em avaliar os comentários dos filmes sobre os quais emite sua opinião e, quiçá, presta informação substantiva."
José Marinho Nery Jr. (São Paulo, SP)

Crianças e racismo
``Parabéns. Polêmica, contraditória e guerreira, a articulista Marilene Felinto expressou também doçura ao tratar do (anti?) racismo ou de Zumbi, na Folhinha de 12/5. Incluir as crianças no debate das relações raciais é um passo efetivo contra o racismo, o que envolve mais que `negros' e `brancos'. Por isso senti a falta de um asiático ou descendente explícito de nativos tratando do tema. Palmares não abrigava só africanos, mas também nativos (índios) e portugueses pobres, o que envolve também as desigualdades sócio-raciais."
Hamilton Bernardes Cardoso (São Paulo, SP)

Restituição de imposto
``Com referência a reclamação do contribuinte Edgar Renzo Fabbrini, publicada no Painel do Leitor na edição de 12/5, informamos que a citada restituição do Imposto de Renda relativo ao exercício de 1994, ano base 1993, estará disponível a partir de 15/5 na Caixa Econômica Federal (agência 235, praça da Sé, 111)."
Robespierre de Mello, da assessoria de comunicação da Superintendência Regional da Receita Federal (São Paulo, SP)

Texto Anterior: Comunidade Solidária _o desafio e a oportunidade
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.