São Paulo, domingo, 14 de maio de 1995 |
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Jornalismo com humor na GNT
MURILO GABRIELLI
O apresentador, produtor e diretor Michael Moore faz uma mistura de denúncia, crítica e humor. Por vezes a combinação resulta indigesta, mas nunca desprezível. Moore era um desconhecido diretor de filmes independentes até ser descoberto pela crítica com ``Roger and Me". O filme mostrava o desamparo de trabalhadores de uma cidade no interior após o fechamento de fábrica da GM no local. Rendeu ao diretor um contrato com a rede NBC. Em seu programa semanal ele faz o mesmo que em ``Roger and Me": a denúncia das mazelas de seu país natal em tom quase cômico. Em uma reportagem, por exemplo, mostrou o destino do esgoto nova-iorquino. Compactado, o excremento dos habitantes da ``Big Apple" segue para o Texas, onde será utilizado em um discutível projeto de fertilização. Nem o Brasil escapa à língua ferina de Moore. Em vista ao país sua equipe extraiu de uma funcionária da Avon que a multinacional enganava consumidoras quanto aos efeitos de uma máscara de beleza. O telespectador mais atento, porém, nota que debaixo dessa aura de contestação, Moore esconde um defensor de interesses corporativos americanos. Certa vez, Moore foi ao México mostrar como as empresas norte-americanas se instalavam no país latino, que possui leis trabalhistas e de proteção ambiental bem menos rígidas que as dos EUA. Se se condoía da situação dos mexicanos, Moore muito mais se chocava com os compatriotas que acabariam por perder os empregos, eliminados com a transferência da fábrica ao país vizinho. (MuG) Texto Anterior: "Pais não querem mais pornografia"; "Que coisa ridícula o falso moralismo"; "Ohana está ótima como malvada" Próximo Texto: Beavis & Butt-Head - vida e obra Índice |
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