São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 1995
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Falta de consenso na CNBB faz 'progressistas' lançarem chapa

FERNANDO MOLICA
ENVIADO ESPECIAL A INDAIATUBA

Os bispos identificados com a atual cúpula da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), considerados ``progressistas", lançaram chapa para a direção da entidade.
Esse lançamento caracteriza a dificuldade encontrada pelos que buscam um consenso entre os bispos que hoje devem eleger o novo presidente.
As normas da CNBB não permitem o lançamento de chapas. Isso, porém, não impediu que elas fossem formadas.
Bispos ligados à atual direção fizeram circular por entre os participantes da 33ª Assembléia da CNBB, em Indaiatuba (a 100 km de São Paulo), um folheto com indicações de nomes para a presidência, Comissão Episcopal de Pastoral, Comissão Episcopal de Doutrina e representação junto ao Celam (Conselho Episcopal Latino-americano).
Os indicados para a direção da entidade são os seguintes: d. Jayme Chemello, bispo de Pelotas (RS), para presidente; d. Marcelo Carvalheira, de Guarabira (PB), para vice-presidente; e d. Geraldo Lyrio Rocha, de Colatina (ES), para secretário-geral.
Na manhã de ontem, durante reunião dos bispos de São Paulo (regional Sul 1 da CNBB), foi fechada a chapa de oposição: d. Lucas Moreira Neves, de Salvador (BA), para presidente; d. Cláudio Hummes, de Santo André (SP), para vice; e d. Raymundo Damasceno Assis, bispo-auxiliar de Brasília, para secretário-geral.
Secretário por oito anos da Congregação para os Bispos (órgão do Vaticano, sede da Igreja Católica), d. Lucas participou do processo de promoção de padre a bispo de mais de cem dos que hoje escolhem a nova direção da CNBB. Com oito cargos no Vaticano, ele é um dos arcebispos mais ligados ao papa João Paulo 2º.
A situação procura manter a linha adotada pela CNBB nos últimos 24 anos e que enfatiza a participação da igreja em movimentos políticos e sociais. A oposição diz que pretende ver a CNBB mais voltada para as questões religiosas. Nas últimas décadas os primeiros vêm sendo chamados de ``progressistas" e os segundos, de ``conservadores".
Como haverá uma eleição para cada cargo, não estava afastada uma composição na prática: os bispos elegeriam d. Jayme para presidente e d. Raymundo para secretário-geral. D. Waldyr Calheiros, de Volta Redonda, um dos principais articuladores dos ``progressistas", admitia essa solução.

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