São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Por que o Paulista é um torneio chocho

Emoções do final são pequenas
MARCELO FROMER e NANDO REIS

MARCELO FROMER; NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em um artigo desta semana, o camarada Matinas pediu licença para discordar desses seus dois camaradinhas aqui, que defendiam -e ainda defendem- a tese que este Campeonato Paulista é um lixo. Licença dada, vamos ao bate-bola. Dizia ele que ainda teremos bons jogos e muita emoção pela frente. Mas de certo que vamos.
O nosso artigo só reforçava a idéia de que os dois primeiros turnos, por praticamente de nada valerem, a não ser para fazer uma peneira ululante, acabam por esvaziar os verdadeiros embates de seu caráter dramático e instigante -coisa que o público já notou há tempos, tanto é que o comparecimento nos estádios tem sido um fiasco. Vejam, clássicos deixam de ser clássicos quando disputados a granel, e todos os grandes já se enfrentaram duas vezes. E mais vezes ainda virão.
É o formato deste Campeonato Paulista que nos deixa perplexos e injuriados, mesmo sabendo que, no final, invariavelmente teremos a emoção dos grandes jogos, que valerão alguma coisa. Só achamos muito pouco para quem ostenta a feliz condição de ter o melhor futebol do país. Tudo indica que os grandes da capital, mais Guarani e o time de melhor campanha na série A-2, disputando o octogonal decisivo, vão aquecer para depois ferverem o chocho campeonato até aqui; afinal de contas, todas essas equipes estão com times parelhos e de estupendo nível técnico.
Acreditamos ser possível a elaboração de um campeonato menos burro e mais rentável. A Copa do Brasil, com suas partidas de ida e volta eliminatórias, é um bom exemplo de que não é difícil bolar certames razoáveis. Enfim, uma maratona de jogos inúteis e, depois de vencer o Campeonato Paulista, o time e o clube podem se perguntar: e daí? Valeu o sacrifício? Nesse sentido, já vemos com muita apreensão o que pode vir a ser o nosso próximo Campeonato Brasileiro -já que o último foi qualquer coisa! É de nossa característica chiar contra essas barbaridades organizativas e administrativas, pois estamos assistindo de camarote nosso futebol ir para o buraco, sob as rédeas de dirigentes xerox de Teixeiras e Farahs, espalhados pelo Brasil. Isso sem contar com os dois originais.
Os campeonatos de futebol mundo afora, cada qual com suas peculiaridades e características, têm conseguido manter sua chama acesa com grandes espetáculos assistidos por milhares de aficionados, algo bem diferente do que tem ocorrido por estas bandas pelo excesso de incompetência e malandragem. Nossa sorte é que a demanda por novos craques é ainda maior do que a por velhos pulhas.
PS: É mesmo de ordem pessoal o problema do `seo' Zagallo com o Antônio Carlos, do Palmeiras. Só pode ser.

Mais uma contribuição para as mudanças absurdas nas regras do futebol:
"Sugiro que o pênalti, quando for cometido pelo goleiro, seja cobrado com as mãos." (Alessandra Terribili Santos, São Paulo, SP)

Cartas podem ser enviadas para a Editoria de Esporte, al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, São Paulo, SP, CEP 01290-900)

Marcelo Fromer e Nando Reis são músicos e integrantes da banda Titãs

Texto Anterior: Bragantino deve trazer 'Vadão'
Próximo Texto: XV empata em 1 a 1 com a Ferroviária
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.