São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Um bom começo?

CIDA SANTOS

Desde que deixou Barcelona, logo depois da vitória nos Jogos Olímpicos de 92, um velho ditado chinês passou a rondar a cabeça do técnico da seleção brasileira, José Roberto Guimarães: ``Você não deve voltar a um lugar onde tenha sido muito feliz".
Sexta-feira, o time quebra a tradição oriental. Estréia na Liga Mundial contra a Espanha em plena Barcelona.
Quase três anos depois da conquista da medalha de ouro, a seleção vive outros tempos. Inicia a temporada disposta a esquecer 94, um ano de derrotas amargas. Talvez por isso faça bem ao time contrariar a sabedoria chinesa.
Reencontrar Barcelona, cenário do início dos anos dourados do vôlei brasileiro, pode ser um bom começo para a equipe tentar retomar o fio perdido da meada.
O desafio não é fácil. A seleção joga com a pressão de ter que se classificar, já que as finais serão no Brasil, em julho. Só duas equipes de cada uma das três chaves passam para a fase decisiva.
Resta, então, eliminar Cuba ou EUA, dois times que, no último Mundial, derrotaram o Brasil.
A Espanha, outra integrante do grupo, não tem tradição. Nunca disputou um Mundial. Participou apenas de uma Olimpíada: a de Barcelona. E acabou em oitavo.
Mas, nesta temporada, os espanhóis resolveram investir. Contrataram o argentino Raul Lozano para comandar o time. Lozano fez carreira na Itália e já foi campeão mundial de clubes pelo Milano.
Na quadra, a sensação é o atacante Rafael Pascual, número dez da seleção espanhola. Ele joga em clubes italianos. Era do Banca Sassari e, agora, foi contratado pelo Alpitour Cuneo. Tem 25 anos, 1,95 m e alcance no ataque igual ao de Marcelo Negrão. Ou seja, pega uma bola a 3,60 m do chão.
Pascual foi um dos destaques do Campeonato Italiano e ganhou apelido de ``El matador". Terminou a temporada com números espantosos. Ficou em primeiro no ranking dos jogadores com mais pontos e vantagens nas 22 partidas da fase de classificação. Pascula fez 244 pontos e conseguiu 598 vantagens. No saque, também foi mortal: marcou 50 aces, o terceiro maior aproveitamento do torneio.
Apesar do Pascula e dos desfalques de Carlão, Marcelo Negrão e Max, o Brasil é favorito para sair da Espanha com duas vitórias. Mas, você sabe, nem tudo é lógico no esporte. Então, fica combinado assim: sexta-feira a gente confere se Barcelona foi ou não um bom começo para a seleção.

Texto Anterior: Seleção joga hoje contra holandeses
Próximo Texto: Benetton 'arrasa' os rivais em Barcelona
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.