São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 1995
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Menem vence e se candidata a 2003

CLÓVIS ROSSI; SÔNIA MOSSRI
ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

SÔNIA MOSSRI
Carlos Saúl Menem, 64, reelegeu-se ontem presidente da Argentina, de acordo com os dados de cinco pesquisas de boca-de-urna divulgadas imediatamente após encerrada oficialmente a votação, às 18h (mesma hora em Brasília).
Informado dos resultados, Menem dedicou a vitória a seu filho, Carlos Facundo Menem, morto em março devido a um acidente de helicóptero. Citou ainda sua ex-mulher, Zulema, de quem se divorciou em abril.
Ele já se lançou candidato para a eleição de 2003: ``É quase seguro que haverá Menem em 2004", afirmou, em alusão ao ano de posse de quem for eleito em 2003.
A Constituição impede que Menem se candidate em 1999, quando termina o segundo mandato, que se inicia dia 8 de julho, se, é claro, as apurações oficiais confirmarem os números das pesquisas.
Em todas elas, Menem supera o mínimo de 45% necessário para dispensar um segundo turno.
Poderia reeleger-se também se tivesse um mínimo de 40% e uma diferença de 10 pontos sobre o segundo colocado.
As pesquisas dão a Menem entre 46% e 47,7% dos votos.
Elas confirmam também que o segundo colocado será o senador José Octavio Bordón, 48, candidato da Frepaso (Frente País Solidário). Bordón é um dissidente do peronismo de Menem.
Ele deixou o partido em outubro do ano passado. Bordón ficou, de acordo com as cinco bocas-de-urna, com entre 32% e 36,9%.
Horácio Massaccesi (UCR, União Cívica Radical, até agora o segundo partido argentino) não foi além de 19%, na mais favorável das cinco pesquisas divulgadas.
Os adversários de Menem recusaram-se, no primeiro momento, a aceitar como definitivos os resultados das bocas-de-urna.
Graziela Meijidi (Frepaso) disse que as pesquisas da Frente indicavam que haveria segundo turno.
Alfredo Bravo, também da Frepaso, afirmava ser ``prematuro" dar a eleição por definida apenas com base na boca-de-urna.
Já Simón Lázara, em nome da UCR, lembrava que os 47% de Menem estavam apenas dois pontos percentuais acima do mínimo para que a eleição se resolvesse no turno inicial. Dizia que essa diferença poderia desaparecer com a apuração oficial.
O presidente Menem foi relativamente contido na entrevista por telefone que deu ao Canal 9, logo após difundida a boca-de-urna dessa emissora de TV.
Disse que o festejo teria que esperar os resultados oficiais. Mas não deixou de lançar-se desde já candidato presidencial para 2003.
O presidente não quis antecipar se haveria ou não mudanças no seu ministério, mas disse que o número deles aumentaria.
A eleição transcorreu em ambiente de tranquilidade. Exceto por denúncias da Frepaso e da UCR de que, em vários colégios eleitorais, especialmente na Província de Buenos Aires, faltaram as cédulas dos partidos opositores.
Menem ganhou, segundo a boca-de-urna, na Província (Estado) de Mendoza, a base de Bordón, que ali foi governador.
Ganhou também na Província de Buenos Aires, a maior do país, mas perdeu na Capital Federal (a cidade de Buenos Aires propriamente dita, administrativamente desligada da Província).

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