São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 1995
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Carne 'light' do piemontês atrai criador brasileiro

CARMEN BARCELLOS
ENVIADA ESPECIAL A AVARÉ

A possibilidade de obter animais com maior rendimento de carne e menos gordura está despertando o interesse do pecuarista brasileiro pelo gado piemontês, originário da Itália.
Em um ano, o total de criadores registrados na Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos da Raça Piemontesa deu um salto de 25 para os 105 atuais.
Outro dado que mostra o crescimento do gado piemontês no país é a importação de sêmen.
Somente nos quatro primeiros meses deste ano cerca de 20 mil doses foram importadas.
Este volume é duas vezes maior que o total que chegou ao país durante todo o ano de 94.
Somente a Superga Comércio e Agropecuária, empresa de São Paulo, maior importadora nacional de sêmen, trouxe este ano 13 mil doses.
``Até o final do ano pretendemos importar 40 mil doses", afirma Fernando Maiolino, veterinário da Superga.
Segundo ele, a importação de embriões de vacas de alta qualidade e que depois são implantados em vacas comuns deve subir de 500 em 94 para 2.000 este ano.
A demanda por touros jovens da raça piemontesa também é grande.
A procura fez o preço do bezerro aumentar 50% nos últimos quatro meses na região de Avaré (268 km a oeste de São Paulo).
Na fazenda Lalin, por exemplo, um bezerro puro, que valia R$ 2.000 em janeiro não sai hoje por menos de R$ 3.000.
Renelso de Oliveira, administrador da fazenda, diz que a procura está superando a oferta.
``Temos compradores à espera dos 15 bezerrinhos que ainda estão mamando", afirma.
A Lalin produz 240 bezerros/ano através de inseminação artificial (fêmeas ficam prenhas através da introdução mecânica de sêmen do touro).
Segundo Celso Rasi, presidente da associação da raça, a produção de carne é o fator principal do seu crescimento.
``Um animal puro, criado em pasto e abatido aos dois anos, tem rendimento de carcaça (aproveitamento de carne) de 84%", diz.
Os mestiços nascidos do cruzamento do piemontês com o nelore são abatidos com três anos e o rendimento de carne da carcaça chega a 80%, segundo ele.
Já o nelore leva em média quatro anos para o abate e fornece no máximo 72% de carne, segundo estudo da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP.
Outro atrativo do piemontês é a carne ``light".
Pesquisa do U.S. Meat Animal Research Center, dos EUA, mostrou que cada 100 gramas de carne apresentam 48,5 miligramas de colesterol.
A taxa foi a menor encontrada entre 26 raças pesquisadas.

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