São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 1995
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Publicitário despreza andaluz sem função

SEBASTIÃO NASCIMENTO
ENVIADO ESPECIAL A BOITUVA

Com apenas quatro anos de criação, o haras Villa do Retiro, do publicitário Eduardo Fischer, venceu a categoria ``expositor" da Mostra Nacional do Cavalo Puro-Sangue Lusitano, realizada em abril em Bragança Paulista (SP).
Para chegar em primeiro lugar entre 40 outros haras, o Villa do Retiro teve 32 animais premiados.
O haras de Fischer está localizado na cidade de Boituva (115 km a oeste de São Paulo).
``O reconhecimento do trabalho foi rápido. Mas foi necessário investir e acreditar na função do cavalo, desprezando conceitos e práticas antigos que teimavam em manter o animal fechado numa prateleira", afirma Fischer.
Dar função ao cavalo é usá-lo realmente como montaria, seja na lida com o gado, em provas, etc. ``Hoje, eu até participo da copa Bavária de enduro rural".
Há alguns anos o termo função era relegado a segundo plano por criadores nacionais de cavalos de diversas raças.
A opção era mostrar o animal nas chamadas provas de conformação, onde a avaliação feita pelos juízes de pista obedecia a critérios essencialmente estéticos.
No Brasil, onde chegaram há cerca de 30 anos, os cavalos das raças puro-sangue lusitano e pura raça espanhola são conhecidos como andaluzes.
Seus criadores formam a Federação Nacional do Cavalo Andaluz, com sede em São Paulo e presidida por Fischer por quatro anos.
Sócio da empresa de publicidade Fischer & Justus, responsável pela conta da cerveja Brahma, Fischer chegou a criar cavalo árabe.
Foi na Europa que o publicitário conheceu o andaluz.
`De imediato o uso intenso do cavalo em Portugal e a sua docilidade no trato me impressionaram. Retornei disposto a trocar o árabe pelo andaluz".
Ele dirigiu sua criação aos cavalos de Portugal. Nos últimos quatro anos importou maciçamente animais da linhagem Veiga, cuja seleção é do início deste século e hoje é a mais disseminada no país.
``São animais que tem a funcionalidade guerreira dos cavalos toureiros", diz Fischer. Ele explica que o andaluz é usado em touradas em Portugal e na Espanha.
``Ao contrário da Espanha, no entanto, em Portugal o toureiro permanece em cima do puro-sangue lusitano durante todo o espetáculo" (veja matéria ao lado).
A tropa de Fischer é formada de 70 animais. O garanhão principal é Dardo 2º, único cavalo no Brasil que cobriu éguas da coudelaria (haras em Portugal) Veiga e trazido por Fischer há três anos.
Os 20 piquetes de capim ``coast-cross" do haras abrigam cerca de 25 éguas, além de potras e potros.
O manejo é bastante natural, ou seja, os animais são soltos no piquete, sendo que as éguas parem no próprio pasto. Ficam nas baias somente os lotes que participam de exposições e leilões.
Fischer diz que está na fase de investimento na qualidade do plantel. Ele importa muitos cavalos e vende poucos em leilão. Um filho de Dardo custa R$ 25 mil.

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