São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 1995
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Ibama orienta fazendeiros sobre riscos de queimadas

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O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) inicia em junho uma campanha para conscientizar os fazendeiros sobre os riscos de incêndios provocados por queimadas de pastos e lavouras.
Segundo Paulo Ramos, coordenador nacional do Prevfogo (Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais), órgão do Ibama, serão distribuídas 75 mil cartilhas, 200 mil cartazes e 100 mil folhetos.
O material vai explicar como fazer uma queimada controlada (forma de queimar pastos e lavouras sem provocar danos às matas próximas).
A primeira etapa será realizada junto aos fazendeiros vizinhos de parques e reservas florestais.
A campanha terá ênfase no inverno, porque em geral é o período mais seco do ano, com maior risco de propagação do fogo.
Ramos explica que 80% dos incêndios florestais no Brasil originam-se de queimadas em fazendas.
Destas queimadas, em torno de 65% são para renovação de pastagens e o restante para eliminação de restos de colheita.
O monitoramento feito por satélite pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) vem registrando uma diminuição na ocorrência de focos de fogo no país.
Em 93, foram detectados 311 mil casos. No ano passado, esse número caiu para 150 mil.
Para Evaristo Miranda, pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e presidente da Ecoforça (organização não-governamental de proteção ao meio-ambiente), mesmo com a queda, o volume de casos ainda é muito alto.
``É necessário uma redução para menos de 50 mil focos", diz.
O Estado campeão é o Mato Grosso, que contribui com 20% das ocorrências no país, duas vezes mais que as regiões Sul e Sudeste juntas.
Como o satélite do Inpe não determina a extensão da área atingida pelo fogo, não existem estatísticas sobre o total de vegetação destruído anualmente.
No maior incêndio do ano passado, mais de 90% dos 130 mil hectares do Parque Nacional das Emas, em Goiás, foram perdidos.
Em áreas de florestas pertencentes a 27 indústrias do país, o prejuízo resultante de incêndios em 94 somou US$ 5 milhões.
Foram detectados 1.290 focos, que atingiram 33 mil hectares, segundo estudo do Ipef (Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais).
As empresas têm estrutura própria para combate ao fogo. No caso de parques e reservas federais e estaduais, a situação é mais grave.
``A maioria não conta nem com funcionários para iniciar o combate", diz Paulo Ramos.
Ele afirma que a verba destinada pelo Governo Federal ao Prevfogo caiu de US$ 6 milhões em 90, para US$ 500 mil este ano.
Já a Polícia Militar de São Paulo dispõe de sete helicópteros e seis ``bumbi bucket" (bolsas acopladas às aeronaves, que recolhem a água em lagos ou reservatórios e a lançam sobre o fogo).
Mas os helicópteros são insuficientes para atender todos os casos de fogo na mata, segundo Otacílio Soares de Lima, major da PM.
Em 94, as aeronaves atenderam sete ocorrências, que dispenderam 48h de vôo e US$ 36 mil.

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