São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 1995
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Turismo provoca mortes de golfinhos

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

Turismo provoca mortes de golfinhos
Ambientalistas dizem que redes de pesca e barcos de turismo estão levando os animais à morte
Redes de pesca e barcos de turismo estão provocando a morte de golfinhos que vivem numa área de proteção ambiental em Santa Catarina, segundo biólogos ligados a organizações não-governamentais (ONGs) de proteção à natureza.
Os golfinhos ameaçados vivem num bando de cerca de cem animais, na chamada ``enseada dos Currais", conhecida pelo nome turístico de ``baía dos Golfinhos", na Área de Proteção Ambiental (APA) de Anhatomirim, próxima a Florianópolis.
Criada em maio de 1992, a área é protegida por lei federal e abrange, entre comunidades de pescadores, cerca de 3.000 hectares de praias e florestas da Mata Atlântica. A área é pouco maior do que a ilha de Fernando de Noronha.
O primeiro a constatar a mortalidade dos golfinhos foi o biólogo Paulo André de Carvalho Flores, 26, coordenador do projeto de conservação do golfinho na área. O projeto é desenvolvido com apoio da ONG inglesa WDCS (Sociedade para a Conservação de Baleias e Golfinhos) e Fundação o Boticário de Proteção à Natureza.
Segundo ele, dez golfinhos morreram em 1991, quando o projeto começou, e 17 morreram no ano passado, entre os quais uma fêmea em trabalho de parto. Flores afirma que o número ainda é subestimado, porque muitas mortes nem se tornam conhecidas.
``A mortalidade é preocupante. Sete já morreram neste ano e temos informação de uma nova morte no sábado. São cerca de 20 a 30 que morrem por ano", disse.
Os biólogos dizem que os barcos de turismo estão ``estressando" os golfinhos, ao promoverem ``verdadeiras perseguições" para mostrar os animais aos turistas. ``Já chegamos a contar no local 42 embarcações em um dia. Há barcos que passam no meio do grupo, quando, por lei, deveriam guardar distância de cem metros", diz Flores, que pretende encaminhar nesta semana uma carta à Procuradoria-Geral do Estado comunicando a mortandade e o impacto do descontrole do turismo, para que o órgão ``cobre do Ibama um esforço maior de trabalho e fiscalização".

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