São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 1995
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Juros altos já provocam demissões

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O nível de emprego na indústria de São Paulo teve queda pela primeira vez neste ano. De 1º de maio a 6 de maio, a indústria paulista dispensou 1.974 trabalhadores (queda de 0,08% no nível de emprego), de acordo com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
A pesquisa mostrou que houve desempenho positivo (mais contratações do que demissões) em dez setores. Houve queda em 18 e estabilidade em outros 18 setores.
Este é o primeiro indicador de que a manutenção pelo governo dos juros altos está levando o país para uma recessão. A avaliação é de empresários ouvidos ontem pela Folha na Fiesp.
Para Carlos Eduardo Uchoa Fagundes, diretor do departamento da Micro, Pequena e Média Indústria, produzir com os juros atuais é ``impraticável" e a consequência será: redução da atividade, com demissões e protelação dos investimentos.
Empresário do setor de iluminação, Uchoa Fagundes disse que maio está sendo ``muito ruim" para o setor. Para ele, uma ``psicose" anticonsumo está se formando em resposta ao apelo do governo à população parar adiar compras.
Já Boris Tabacof, diretor titular do Departamento de Economia, disse que a economia está ``perdendo velocidade". Mas, prevendo uma queda dos juros, disse não acreditar em recessão.
Dizendo que o juro alto ``levará o país à recessão", Adauto Ponte, presidente da Associação Brasileira da Fundição, disse que a redução da produção impedirá a absorção dos custos pelas empresas, provocando aumento dos preços.
Benjamim Funari Neto, diretor do Departamento de Infra-Estrutura Industrial, disse que a atividade industrial já parou de crescer.
Nélson Peixoto Freire, presidente da Abinee (associação da indústria eletroeletrônica) disse que há uma ``grande inadimplência" entre os clientes de seu setor.
Segundo Freire, levantamentos preliminares mostram que as encomendas do comércio junto aos produtores de eletroeletrônicos devem cair de 5% a 10% em maio. ``As vendas do comércio para o Dia das Mães foram feitas com base em estoques adquiridos em meses anteriores."
Mario Bernardini, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas, disse que a indústria vive uma ``corrida contra o cronômetro", tentando se adequar ao tempo fixado pelo governo para a redução dos juros.

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sobre conjuntura econômica nas páginas 2-7 e 2-9

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