São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 1995
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Teste nuclear chinês gera protesto

DO "THE INDEPENDENT"

A China fez ontem um teste nuclear subterrâneo, explodindo uma bomba atômica apenas três dias depois de assinar com 177 países em Nova York a renovação por prazo indeterminado do Tratado de Não-Proliferação nuclear (TNP).
O teste foi considerado "extremamente lamentável" pelo Japão. O país afirmou que deve reconsiderar sua cooperação com a China, que prevê empréstimos de US$ 6,66 bilhões em três anos.
EUA, Alemanha, Rússia e Coréia do Sul também protestaram contra a explosão do artefato nuclear centenas de metros abaixo de um deserto, provavelmente na região de Lop Nor (oeste da China).
Foi o terceiro teste nuclear chinês desde 1992, quando as outras quatro potências nucleares declaradas (EUA, Rússia, Reino Unido e França) declararam moratória nos testes. Foi o 42º desde a primeira explosão atômica chinesa, em 64.
A agência oficial chinesa "Xinhua" também divulgou o fechamento do maior centro para o teste das bombas atômicas da China.
A explosão chinesa de ontem foi equivalente a cerca de 95 mil toneladas de explosivos comuns (como o TNT). O último teste nuclear chinês havia sido realizado em 7 de outubro de 1994.
O teste não violou nenhum acordo internacional. O TNP permite que as potências nucleares mantenham seus arsenais.
Na conferência para sua renovação, ficou acertada a proibição total dos testes a partir do final de 1996. A "Xinhua" também informou que a China pretende acatar a proibição total de testes.
A explosão causou ontem um tremor de terra que atingiu seis pontos na escala Richter (que mede terremotos), valor considerado médio. O tremor foi detectado no Japão e na Austrália pouco depois da 1h de ontem (hora de Brasília).
A China está tentando completar seu programa de miniaturização das ogivas nucleares (parte explosiva na ponta dos mísseis), para que elas possam ser instaladas em mísseis lançados de submarinos.
Os 42 testes chineses sugerem um estágio de desenvolvimento técnico semelhante ao do Reino Unido, que já fez 44.
A China tem um submarino com 12 mísseis nucleares, mas tenta atingir um nível comparável à França e ao Reino Unido.
Cada vez mais, é possível usar simulações em computadores, em vez de testes reais, para desenvolver armas nucleares. Nessa área, porém, a China é bem inferior.
O Japão, único país do mundo que já foi vítima de ataque nuclear (na Segunda Guerra Mundial), tem demonstrado preocupação com o potencial atômico da China e da Coréia do Norte.

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