São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 1995
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Japão prende guru da seita Aum

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A polícia japonesa prendeu hoje o líder da seita Aum Shinrikyo (Ensinamento da Verdade), acusado de planejar o ataque com gás venenoso ao metrô de Tóquio no último dia 20 de março, que deixou pelo menos 12 mortos e 5.000 pessoas intoxicadas.
"A polícia prendeu Chizuo Matsumoto, conhecido como Shoko Asahara", disse o superintendente da polícia de Tóquio, Yukihiko Inoue, em pronunciamento na televisão.
O guru barbado foi detido quatro horas depois que a polícia iniciou buscas em instalações da seita. A prisão ocorreu no quartel-general da Aum Shinrikyo, em Kamiku Isshiki, sopé do monte Fuji (a cerca de 100 km de Tóquio).
Vestido de branco e usando um capuz, Asahara, 40, deixou a sede da seita num carro da polícia às 9h46 da manhã de hoje (21h46 de ontem em Brasília).
Em buscas anteriores, policiais haviam encontrado no local laboratórios e todos os ingredientes necessários à produção do gás sarin, usado no ataque ao metrô.
As provas foram usadas para elaborar acusações por assassinato contra membros da seita. Ontem à noite um tribunal de Tóquio emitiu mandados de prisão contra Asahara e 40 de seus seguidores, sob acusação de assassinato em massa.
Carregando canários em gaiolas (que sentiriam primeiro possíveis ataques com gases) e usando máscaras, os policiais invadiram a sede da seita, conhecida como sexto "Satian" (termo que quer dizer verdade em sânscrito).
Inicialmente não conseguiram entrar em todas as salas. Não houve resistência e dez fiéis foram presos. Segundo os policiais, Asahara estava meditando sozinho no terceiro andar de um dos prédios do complexo. "Eu entendo", disse o guru assim que policiais leram diante dele o mandado.
O mandado foi emitido 12 horas depois da prisão de Yoshihiro Inoue, considerado "ministro da Inteligência" da seita e uma peça chave para elaborar as acusações.
Milhares de policiais cercaram prédios da Aum Shinrikyo em 130 localidades atrás de Asahara, suspeito pelo maior caso de violência em massa no país desde a Segunda Guerra Mundial.
Um novo ataque com gás tóxico ontem na estação de trem em Shin-Yokohama (cerca de 50 km ao sul de Tóquio) intoxicou pelo menos 25 pessoas. O atentado foi atribuído à seita.
O atentado de ontem fez com que três pessoas fossem hospitalizadas, uma delas em estado grave.
A polícia japonesa apurou que não foi usado gás sarin nem o cianogênio (usado em atentados anteriores em Yokohama).

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