São Paulo, quarta-feira, 17 de maio de 1995 |
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Governo ameaça com racionamento
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL Planalto descarta negociação, diz que situação é ``delicada", mas não vai divulgar volume de estoqueO governo admite que pode determinar um racionamento de combustíveis -como gasolina, diesel e gás de cozinha- caso os petroleiros, em greve há 15 dias, não retornem ao trabalho. ``Não teremos constrangimento em anunciar o racionamento", disse ontem o ministro de Minas e Energia, Raimundo Brito, 46, em entrevista no Palácio do Planalto. ``A greve está causando prejuízo ao país e à população", disse ontem o porta-voz da Presidência, embaixador Sérgio Amaral, 50. Segundo o ministro das Minas e Energia, até anteontem o país tinha gasto cerca de R$ 100 milhões com importação de petróleo e derivados. ``É muito dinheiro", disse. Raimundo Brito não quis dizer quando será iniciado o racionamento. ``Não vamos divulgar dados sobre o estoque de combustível", afirmou o ministro. ``Mas é uma situação delicada", repetiu. Com a greve, a Petrobrás está refinando apenas 300 mil barris de petróleo por dia -correspondente a 21,7% dos 1.380 milhão de barris da produção normal. Segundo o governo, apenas duas das 11 refinarias (Manaus e Minas Gerais) estão funcionando normalmente. Nem Brito nem Amaral quiseram dizer até quando o país suportará a paralisação dos petroleiros. Também afirmaram que o governo não pretende usar de nenhum artifício -como intervenção das Forças Armadas nas refinarias- para acabar com a greve. Brito confirmou que até ontem a Petrobrás havia feito 67 demissões, mas que havia contratado cerca de 80 técnicos -sem concurso público, em caráter emergencial e temporário. Segundo ele, alguns foram contratados de empresas no exterior. A Petrobrás não deve rever as demissões já feitas. ``Não foi uma decisão arbitrária e não há por que revê-las", disse. Brito afirmou que outros pontos podem ser negociados após o retorno ao trabalho. A Petrobrás diz que 20 mil dos 47,5 mil petroleiros estão trabalhando normalmente. Brito disse que, caso os petroleiros façam mesmo o pedido de demissão coletiva -e isso seja confirmado-, a empresa terá de acatar. ``E vai acatar." Ele não soube dizer como a Petrobrás faria para contratar e treinar, em pouco tempo, vários trabalhadores ao mesmo tempo. O governo só deverá negociar com petroleiros em setembro, data-base (negociação anual de salários) da categoria, disse ontem, em São Paulo, o ministro do Trabalho, Paulo Paiva. Cobrando um acordo firmado no governo Itamar Franco, que não teria sido cumprido, os petroleiros reivindicam, entre outras coisas, a recomposição de perdas salariais desde 1987 (Plano Bresser), de 24,05%. Colaborou a Reportagem Local Texto Anterior: Reeleição de FHC ganha fôlego Próximo Texto: Estoque é precário em postos de gasolina Índice |
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