São Paulo, quarta-feira, 17 de maio de 1995 |
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Cai secretário da Segurança do Rio
FERNANDA DA ESCÓSSIA; SERGIO TORRES; AZIZ FILHO; MÁRIO MAGALHÃES
A conversa entre o secretário e o governador Marcello Alencar (PSDB) ocorreu à tarde, por telefone. À noite, Silva foi ao palácio Guanabara (sede do governo, em Laranjeiras, zona sul), convocado pelo governador, e entregou sua carta de demissão ``em caráter irrevogável". Na carta, o secretário alegou ``pressões", segundo comunicado da assessoria de comunicação social do governo do Estado. O governador ``entendeu as pressões sofridas", de acordo com a assessoria. O governador pediu para Silva ficar no cargo até ser anunciado o nome de seu substituto. Segundo a Folha apurou, o governador ainda não escolheu o substituto, mas estaria sendo pressionado pela Assembléia Legislativa para escolher o deputado federal Nilton Cerqueira (PP-RJ). Divergências Alencar não queria mais trabalhar com o general que, ao tomar posse, há cinco meses e meio, era apontado pelo próprio governador como o homem capaz de, à frente das polícias, reverter a onda de violência que atinge o Estado. Governador e secretário não se entendiam há tempos. Ontem, inconformado com a decisão de Alencar de extinguir a DAS, Silva decidiu sair do governo. Mais cedo, antes de estar definida sua saída, o secretário foi perguntado se pensava em extinguir a DAS (Delegacia Anti-Sequestro). Silva respondeu: ``Eu não penso nada, sou uma ameba". Ameba é um animal unicelular. O fracasso da polícia na apuração de sequestros levou Alencar a passar por cima dos planos do general e, por conta própria, acabar com a DAS. Ontem à tarde, o governador havia se recusado a falar sobre a saída do general. ``Não vou responder a esta pergunta", disse ele a jornalistas no palácio. Um dia antes, o governador não fugiu da mesma pergunta. ``Qualquer secretário é passível de demissão", afirmara. Silva defendia a reformulação da equipe de policiais chefiada pelo diretor da DAS, delegado Ícaro da Silva, mas queria manter o órgão. Logo após a posse, o governador transferiu a DAS da Barra da Tijuca (zona sul) para a Saúde (zona portuária). Alencar também reequipou a DAS e aumentou seu efetivo, já que combater os sequestros seria uma das prioridades policiais de seu governo. Nada deu certo. O número de sequestros aumentou e a DAS só acumulou fracassos. Dois episódios irritaram o governador. O primeiro, há uma semana, quando a polícia de Minas Gerais entrou em território fluminense e libertou a estudante Patrícia Zamboni, 13, sequestrada em Além Paraíba (MG) no dia 24 de abril. A polícia do Rio não atuou nas investigações sobre o caso. Nem a família da vítima nem a polícia mineira quiseram sua ajuda. Alencar se irritou mais ainda com as críticas de parentes de Juliana Lutterbach, 13, à atuação da DAS na apuração do sequestro da menina, encerrado no último fim-de-semana. Os parentes disseram considerar suspeita a atuação da DAS, devido a uma suposta negligência dos policiais. * Colaboraram AZIZ FILHO e MÁRIO MAGALHÃES, da Sucursal do Rio. Texto Anterior: Dono de loja de fogos que explodiu depõe; O NÚMERO; Vigia é atingido por fio e morre eletrocutado; Dois são assassinados na zona oeste de SP; Garota é atingida por bala perdida no Rio Próximo Texto: Países buscam ação unificada Índice |
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