São Paulo, quarta-feira, 17 de maio de 1995
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PF comandará plano de combate ao tráfico

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO *

A Polícia Federal (PF) assume hoje o comando da inteligência policial para o combate ao narcotráfico no Rio. O anúncio foi feito ontem pelo ministro Nélson Jobim (Justiça) e pelo governador do Rio, Marcello Alencar.
O ``Plano Emergencial de Combate ao Crime Organizado no Estado do Rio de Janeiro" vem sendo elaborado há um mês. Prevê, inicialmente, três tipos de atuação:
1) Mapeamento completo da atuação do narcotráfico no Estado, com identificação dos grandes ``chefões" de quadrilhas;
2) Fiscalização de entrada e saída de drogas e armas nos portos, aeroportos e divisas estaduais;
3) Investigação financeira, com ajuda do Banco Central e da Receita Federal, para descobrir como é feita a ``lavagem do dinheiro" obtido com o tráfico, ou seja, a transformação de dinheiro vindo do crime em rendimentos legais.
Com os resultados dessa fase de inteligência e fiscalização, a PF quer realizar operações para apreender drogas e prender traficantes. O ministro Nélson Jobim não quis dizer quanto foi liberado para o projeto.
A Folha apurou que o Ministério do Planejamento liberou uma verba de US$ 10 milhões, na semana passada, para a operação.
A liberação só estava prevista para o final do ano. Aconteceu agora por pressão do governador Alencar ao presidente Fernando Henrique Cardoso, por causa da nova onda de violência no Rio.
Informalmente, o projeto é chamado de ``Operação Zona Sul", referência à região sul do Rio, que inclui bairros de classe média e alta e onde estão, para a PF, os grandes traficantes.
Outro ponto que ajudou na realização da operação foi a aprovação, há 15 dias, da Lei de Combate ao Crime Organizado, que autoriza escuta telefônica e vigilância sobre suspeitos.
A lei permite também que a quebra de sigilo bancário seja feita diretamente pelo juiz, sem passar pelos trâmites bancários.
Pelo novo plano, o Exército fica fora do policiamento de rua e das operações em morros, ações que realizou durante a Operação Rio 1, de outubro a novembro passado.
A Folha apurou que Alencar pediu ao presidente a saída do Exército e que os militares também desejavam ficar fora do policiamento diário. O diretor-geral da PF, Vicente Chelotti, não quis apresentar um prazo para o início das operações. ``Pode ser até em dois dias."
(FE)

* Colaborou a Sucursal de Brasília.

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