São Paulo, quarta-feira, 17 de maio de 1995
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EUA anunciam sobretaxa contra os carros japoneses

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O governo dos EUA anunciou ontem a lista de produtos japoneses que serão taxados em 100% de seu valor ao serem importados a partir de 28 de junho se até lá não houver um acordo comercial entre os dois países.
Treze modelos luxo de automóveis japoneses estão na lista. Sua importação no ano passado somou US$ 5,9 bilhões. Até agora, o imposto pago sobre esses veículos é de 2,5% sobre seu valor.
Para evitar importação maciça desses carros até o final de junho, o decreto que aumenta os impostos estabelece que ele terá efeito retroativo a partir de 20 de maio.
O governo japonês divulgou nota em Tóquio em que lamenta a decisão dos EUA. Ele deve entrar com recurso junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) com o objetivo de sustar a sanção.
Embora ainda sem confirmação oficial, circula em Washington a notícia de que o Japão vai retaliar, aumentando as tarifas de importação para produtos dos EUA como caminhões e semicondutores.
O anúncio das sanções dos EUA, as mais volumosas da história, ocorre 10 dias após o fim de 20 meses de negociações infrutíferas. Os EUA querem estabelecer metas quantitativas para a abertura do mercado japonês à sua indústria automobilística. O Japão recusa essa fórmula, por considerá-la uma política de quotas.
O déficit dos EUA na sua balança comercial com o Japão chegou em 1994 à cifra recorde de US$ 65,7 bilhões. A importação de automóveis japoneses representou dois terços desta quantia.
O presidente Bill Clinton e o primeiro-ministro Tomiichi Murayama terão a chance de resolver o impasse quando se encontrarem entre 15 e 17 de junho em Halifax, Canadá. Os dois participarão da cúpula do Grupo dos Sete (países mais ricos do mundo).
Analistas do mercado de automóveis dos EUA acreditam que os principais beneficiários das sanções serão as indústrias européias, e não empresas norte-americanas.
Apesar disso, dirigentes da General Motors, Ford e Chrysler elogiaram a medida. Líderes dos dois partidos políticos no Congresso também apoiaram a decisão, enquanto a associação que reúne revendedores de automóveis importados protestou.

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