São Paulo, quarta-feira, 17 de maio de 1995
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Revenda prevê rigor da indústria

NELSON BLECHER; SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

As revendas de eletrodomésticos já esperam um endurecimento na relação com a indústria, como primeira consequência da crise da Casa Centro.
O argumento das principais revendas ouvidas pela Folha é que para evitar novas dívidas a indústria vai ser mais exigente com prazos de pagamento e na renegociação de dívidas.
O diretor de uma grande concorrente da Casa Centro, que pediu para não ser identificado, disse que espera uma ``relação mais rígida" com a indústria.
``Os fornecedores acham que perderam um cliente e podem, por isso, perder outros e arcar com prejuízos", disse.
Atualmente, o setor está tentando negociar novos prazos de pagamento com seus fornecedores.
A alegação do comércio é que as vendas estão refluindo após o Dia das Mães e que para ter fôlego para enfrentar esta retração é preciso novos e mais longos prazos para pagar pelos produtos.
Gustavo Ayala, consultor de varejo da ABL Consultoria, lembra que a negociação do comércio com a indústria já estava difícil, principalmente depois das últimas medidas de restrição ao consumo.
Para ele, se a indústria endurecer na sua negociação com o comércio, a consequência será nova retração de vendas no comércio que, aí sim, poderá ter problemas para quitar suas dívidas.
``A saída é indústria e comércio acordarem prazos menores de entrega de produto. Desta forma, o comércio terá sempre algum produto na prateleira e se tiver problemas de caixa, o prejuízo da indústria será menor."
O dono da G. Aronson, Girz Aronson, avalia que a crise da Casa Centro foi causada pelas altas taxas de juros cobradas pelo sistema bancário.
``A culpa é dos bancos. Foi o aperto bancário que criou esta situação", afirma.
Aronson, que já pediu concordata no início da década, disse que além dos juros, o grande investimento publicitário feito pela rede pode ter ajudado em suas complicações financeiras. A Casa Centro é a 24ª maior anunciante.
(NB e SB)

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