São Paulo, quarta-feira, 17 de maio de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rede sacrificou rentabilidade

<UN->NELSON BLECHER; SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Conhecida pela agressiva política mercadológica, que levava a empresa a oferecer produtos a preços bem abaixo da concorrência, a Casa Centro foi vitimada pela conjuntura de juros elevados e desaquecimento do mercado.
São esses, na avaliação de concorrentes e consultores, os ingredientes que conduziram a cadeia de varejo paulista à grave crise financeira.
``Seus preços eram predatórios, terríveis para os concorrentes e não embutiam a taxa financeira nas vendas ao consumidor", disse ontem o ex-diretor comercial de uma das maiores redes rivais, que prefere não ser identificado.
A empresa, segundo ele, vinha praticando margem de lucro inferior à média de 12% que prevalece na faixa mais competitiva do varejo de eletroeletrônicos.
Outro fator por ele mencionado que deve ter pesado para complicar a situação financeira é o excessivo custo operacional das lojas de shopping center, onde estão localizados 19 dos 22 pontos de vendas da Casa Centro.
As despesas de aluguel devem absorver de 5% a 6% da receita contra 1,5% das chamadas lojas de ruas.
Além disso, a operação em centros de compras envolve gastos administrativos e pagamento de turnos extras de funcionários.
Para um consultor especializado no setor, a empresa ``caiu no canto de sereia do crescimento ilimitado das vendas". Sacrificou a rentabilidade para conquistar fatias do mercado e foi atropelada pela aceleração dos juros.
Compelida a vender em volumes crescentes para saldar compromissos financeiros, perdeu o fôlego quando o mercado, há dois meses, começou a desaquecer.``É como cair de bicicleta", compara.
Um fornecedor da Casa Centro disse que a rede vinha baseando seus negócios em operações financeiras externas. Tomava dólares, pagando taxa de juros menor que a nacional e aplicava em reais.
O lucro financeiro é que teria possibilitado, por essa versão, a redução de preços. A assessoria de imprensa disse ontem que os executivos da empresa não fariam declarações.
(NB e SB)

Texto Anterior: Casa Centro tem dívida de R$ 300 mi
Próximo Texto: Revenda prevê rigor da indústria
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.