São Paulo, quarta-feira, 17 de maio de 1995 |
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Mitterrand deixa Presidência hoje
ANDRÉ FONTENELLE
Ontem, Mitterrand, 78, abriu as portas do palácio presidencial a cerca de 60 pessoas, que entregaram rosas (símbolo dos socialistas) a ele e à primeira-dama, Danielle. Ao contrário de Giscard d'Estaing em 1981, Mitterrand não fez discurso de despedida na TV. Divulgou apenas a seguinte nota: ``Caros compatriotas, amanhã (hoje) de manhã transmitirei a alta responsabilidade que vocês me confiaram ao presidente da República, Jacques Chirac. Desejo a ele que conduza a França na paz e na justiça. Expresso-lhes minha gratidão por tudo que lhes devo e faço votos de felicidades a cada um." O presidente está instalando seu escritório em um espaçoso apartamento, próximo à torre Eiffel, para escrever um livro sobre sua política externa na Presidência. Sua mulher continuará à frente da organização France-Libertés (França-Liberdades), de defesa dos direitos humanos. O presidente, que sofre de câncer na próstata, tem se mostrado em melhor forma nos últimos dias. Há um mês, chegaram a circular boatos de que ele estaria em coma. Após 14 anos no poder, Mitterrand deixa nostalgia entre amigos e adversários. ``É, incontestavelmente, um dos grandes homens deste século", disse o conservador Philippe Séguin, presidente da Assembléia Nacional. Chirac O novo presidente deve indicar amanhã -ou ainda hoje à noite- seu primeiro-ministro. É dado como certo que será Alain Juppé. Juppé é o atual ministro das Relações Exteriores e presidente do partido de Chirac, a conservadora RPR (Reunião Pela República). Ontem Chirac recebeu Juppé na Prefeitura de Paris. Os dois preparam a formação do ministério, que pode contar com até dez mulheres, segundo rumores. Um dos primeiros atos de Chirac na Presidência será um encontro com o chanceler alemão Helmut Kohl, previsto para amanhã em Estrasburgo (leste da França). A cerimônia de posse seguirá o ritual da última transmissão do cargo -de Valéry Giscard d'Estaing a Mitterrand, em 1981. Às 11h (6h em Brasília), Chirac será recebido por Mitterrand na escadaria do Eliseu. A portas fechadas em seu gabinete, o atual presidente transmitirá os segredos de Estado -como o código para acionar as armas nucleares. Em seguida, Chirac acompanhará Mitterrand até a porta. O novo presidente será empossado pelo presidente do Conselho Constitucional, Roland Dumas. Ele receberá a Legião de Honra (principal condecoração francesa), fará o primeiro discurso no cargo e passará tropas em revista nos jardins do palácio. À tarde, conforme à tradição, o novo presidente desfilará em carro aberto pela principal avenida de Paris, os Champs-Elysées, e depositará uma coroa de flores no túmulo do Soldado Desconhecido, no Arco do Triunfo. Ontem o presidente, eleito no último dia 7, eleito renunciou à Prefeitura de Paris, que ocupava desde 1977. Seu adjunto, Jean Tiberi, é o favorito na eleição para o cargo, em junho. Chirac ainda mantém outro cargo eletivo, o de conselheiro municipal (espécie de vereador) de Paris. A Constituição francesa não o obriga a renunciar a esse mandato. Próximo Texto: Ritmo de reforma divide governo argentino Índice |
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