São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1995
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Governo pagou coquetel com verba do fundo social

ALEXANDRE SECCO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O coquetel de inauguração, segunda-feira passada no Itamaraty, da mostra ``Arte Moderna Brasileira", uma seleção da coleção particular de obras de arte do empresário Roberto Marinho, foi pago com recursos do FSE (Fundo Social de Emergência).
O coquetel custou R$ 8.500, o equivalente a 4.000 consultas médicas na rede pública de saúde.
O FSE foi criado para financiar especialmente a saúde, a educação e gastos com a previdência. No jargão dos deputados que o aprovaram é ``dinheiro carimbado", com destinação exclusiva para o custeio das áreas sociais.
Enquanto o FSE financia coquetéis, o ministro da Saúde, Adib Jatene, apela para a criação de um novo imposto para a saúde.
Sem dinheiro para pagar os hospitais conveniados, e com 1.700 obras (entre hospitais e postos de saúde) paralisadas, o ministro lançou esta semana a idéia do Imposto sobre Movimentação Financeira para a saúde -o IMF.
LISTA
Esse gasto com o coquetel soma-se a uma grande lista de despesas exóticas feitas com dinheiro do fundo social: flores raras para enfeitar a residência oficial do vice-presidente (Marco Maciel), almoços com autoridades estrangeiras, presentes para líderes estrangeiros, compra de tampa de vaso sanitário, papel de alta alvura para convites.
Um parecer da Comissão de Assuntos Orçamentários da Câmara considerou ilegais os gastos do FSE com áreas que não a Educação, Saúde e Previdência.
PORTARIA
Esse parecer atribui a uma portaria do ministro do Planejamento, José Serra, a culpa pelo gasto irregular. Essa portaria é que autoriza o emprego de dinheiro do FSE no pagamento de coquetéis e tampas de vaso sanitário.
Para o deputado Augusto Carvalho (PPS-DF), que vem listando os gastos esdrúxulos com dinheiro do fundo, ``o FSE foi criado como cheque nominal e se transformou em um cheque em branco".
Há uma semana, pressionado pelas críticas com o uso do dinheiro do FSE para comprar até goiaba para o Planalto, o ministro José Serra (Planejamento) anunciou a edição de uma portaria impedindo o uso do fundo para essas despesas. A compra para o coquetel não foi submetida a licitação.

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