São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1995
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Empresários querem dólar a R$ 1,20

DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Eugênio Staub, do grupo Gradiente, afirmou ontem que a atual política de câmbio do governo, ``se mantida", vai provocar uma queda das reservas do país para cerca de US$ 15 bilhões ou US$ 20 bilhões ainda este ano.
Falando no seminário ``O futuro do Real", Staub se apresentou como ``aliado e não inimigo" do Real e afirmou que há ``um grande erro" na atual taxa de câmbio.
Em resposta, o ministro Pedro Malan (Fazenda) qualificou a estimativa de Staub de ``irrealista".
Segundo Staub, a taxa, que atualmente oscila em torno de R$ 0,89 por dólar, deveria, no entender da maioria dos empresários, estar entre R$ 1,10 e R$ 1,20.
Para Staub, a queda das reservas (estoque de moedas fortes e ouro em poder do Banco Central) do país é um dos sérios riscos que enfrenta a economia brasileira deveido à atual defasagem cambial (valorização da moeda nacional em relação à norte-americana).
Para ele, o país não alcançará o saldo comercial de US$ 3 bilhões este ano, conforme expectativa do governo, se a taxa de câmbio for mantida nos atuais níveis.
Jorge Gerdau, do grupo siderúrgico Gerdau, disse, em sua participação no seminário, que os empresários estão 'angustiados' com o nível dos juros e a defasagem cambial nesta fase de transição para a estabilidade.
Gerdau disse que a defasagem do câmbio está levando à queda das exportações de produtos manufaturados feitos no Brasil.
'Não podemos perder esse patrimônio conquistado pelo empresariado nacional nos últimos 20 anos", afirmou.
Gerdau se queixou de que o Plano Real ainda sofre de uma elevada dose de intervencionismo do governo nas questões relativas aos juros e ao câmbio.
A tarde, durante a inauguração do IQA (Instituto da Qualidade Automotiva), em São Paulo, Silvano Valentino, presidente da Anfavea (associação dos fabricantes de veículos), afirmou que a flexibilização das medidas anticonsumo é ``indispensável".
Segundo ele, há sinais de "retração preocupante" na venda de carros nacionais de maior valor.
A ministra da Indústria e Comércio, Dorothéa Werneck, que participou da inauguração, disse que não há necessidade de "medidas adicionais" para conter a importação de veículos.

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