São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1995
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Shinoda revela herança de Ozu

AMIR LABAKI
DO ENVIADO ESPECIAL

Dois veteranos, o japonês Masahiro Shinoda e o africano do Mali Soulemayne Cissé, louvaram as tradições de suas culturas nacionais em seus filmes exibidos ontem na mostra competitiva. "Sharaku" deixou boa impressão. "O Tempo" (Waati), menos.
Shinoda foi assistente de Yasujiro Ozu e liderou a "nouvelle vague" japonesa dos anos 60 ao lado de Oshima e Yoshida. O experimentalismo que o tornou célebre ("Beleza e Tristeza", 1965) foi substituído com o passar do tempo por um cinema de fatura clássica dedicado a relembrar sobretudo a história cultural clássica japonesa.
"Sharaku", ambientado em 1791, reconstitui-se a misteriosa história do pintor que empresta o nome ao filme, um renovador da gravura japonesa. O ex-ator acrobático Sharaku tornou-se célebre ao retratar com inédito naturalismo os astros do teatro kabuki.
Curiosamente falta a "Sharaku" uma maior elaboração fotográfica, o que conflita com a cuidadosa decupagem de Shinoda e a econômica e eficientíssima trilha do veterano Toru Takemitsu. "Sharaku" não sai de Cannes de mãos vazias.
Já prêmios para "O Tempo", só se forem pelas nobres intenções ou pela odisséia produtiva de sete anos enfrentada por Souleymane Cissé, um dos grandes nomes do cinema africano ("O Vento", "A Luz"). Fugindo do regime de "apartheid" da África do Sul, a protagonista Nandi (Linéo Tsolo) passa pela Costa do Marfim, Mali e Namíbia até voltar com a ascensão de Nelson Mandela.

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