São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1995
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'Confessionário' rouba a cena

AMIR LABAKI
DO ENVIADO ESPECIAL

A abertura ontem da Quinzena dos Realizadores mais uma vez roubou a cena da seleção oficial. "O Confessionário" do estreante canadense Robert Lepage repete agora o feito de "Comer, Beber, Viver" de Ang Lee em 94 e de "A Grande Família de Stephen Frears" em 93. Lepage, 38, é a primeira grande revelação deste festival.
O cineasta estréia no cinema depois de meteórica carreira como diretor de teatro ("O Polígrafo", "Macbeth"). Talento é talento e "O Confessionário" é a prova. As filmagens de "A Tortura do Silêncio" (1953) por Alfred Hitchcock em Quebec servem de contraponto para a trágica história da família Lamontagne.]

Escândalo
Dois níveis temporais se articulam, muitas vezes na mesma cena. Em 1989, Pierre Lamontagne (Lothaire Bluteau) volta para casa a fim de enterrar o pai depois de três anos na China. Descobre seu irmão adotivo, Marc (Patrick Goyette), torturado pelas dúvidas sobre o nome de seu verdadeiro pai. Sua mãe de fato, a jovem Rachel, tia de Pierre, é o eixo central da trama em 1952. Faxineira num convento, aparece grávida para escândalo da ultracatólica cidade.
Pior: corre o boato de que seu amante é um jovem padre. A chave do segredo passa pelo mesmo confessionário que serve de elemento central para a trama de Hitchcock. Ele está lá como mito e como personagem, na pele do sósia Ron Burrage.

Roteiro
A bela articulação do roteiro é combinada por uma inteligência de composição do quadro. Lepage sabe posicionar e movimentar a câmera de forma a reorientar a expectativa do público. Escolheu e dirigiu seu elenco com natural competência.

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