São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1995
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Ex-líder guerrilheiro se recusa a fazer autocrítica em entrevista

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O ex-chefe do grupo guerrilheiro argentino ERP (Exército Revolucionário do Povo) Enrique Gorriarán Merlo disse que não se arrepende de seu passado terrorista.
Ele está foragido da Justiça argentina há 25 anos e deu as declarações à emissora de TV Telefé.
Na noite de quarta-feira, Gorriarán, reapareceu numa longa entrevista, ``em algum lugar a menos 400 km da capital".
Em janeiro de 1989, Gorriarán tentou tomar o quartel La Tablada, na capital argentina. Em 1980, participou do assassinato do ex-ditador nicaraguense Anastacio Somoza, no Paraguai.
``Os que têm que se arrepender são os torturadores, os assassinos e os corruptos. Não tenho que fazer autocrítica", disse.
Ele se referia às recentes declarações de militares reconhecendo abusos e torturas durante o regime militar argentino, entre 1976 e 83.
O ex-chefe da ERP disse que articulou com integrantes da UCR (União Cívica Radical) e do Partido Justicialista o ataque ao regimento La Tablada.
O ataque ao regimento teria impedido um golpe militar de direita contra o então presidente Raúl Alfonsín (UCR).
O presidente Menem não gostou das declarações de Gorriarán, a quem chamou de ``facínora".
O ERP chegou a ter 3.000 militantes na década de 70, dos quais 600 terroristas, segundo ele.
``Sou um homem mais sensível do que aparento", afirmou. Ele disse se arrepender de ``fatos desgraçados", como a morte de uma criança durante um atentado.

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