São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1995
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Argentina busca ex-nazista perto do Brasil

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Centro Simon Wiesenthal (entidade judaica que busca criminosos de guerra nazistas) acredita que o líder nazista Alois Brunner possa estar escondido em algum lugar do nordeste da Argentina (próximo à fronteira com o Brasil e o Paraguai).
Brunner, 83, austríaco, foi o idealizador da deportação de 150 mil judeus para campos de concentração. ``Os judeus que foram exterminados mereciam morrer. Não tenho remorsos e faria tudo outra vez", declarou Brunner em uma entrevista em 1987.
Ele era o principal colaborador de Adolf Eichmann, enforcado em Israel em 1961. Chegou a dirigir o campo de concentração Drancy, próximo a Paris.
Brunner vivia na Síria desde 1954 e não se sabe porque teria vindo à América do Sul.
O serviço secreto israelense mandou para seu endereço, em Damasco, duas cartas-bombas. Da primeira vez, em 1961, ele perdeu um olho. A segunda, em 1980, decepou suas mãos. Em 1992, a Síria disse que Brunner havia morrido.
Sergio Widder, representante do centro na Argentina, se baseou em informações da Interpol para determinar o paradeiro de Brunner.
Widder disse que se reuniu com o ministro do Interior da Argentina, Carlos Corach, para pedir a captura do ex-nazista.
O governo argentino não emitiu comentários, mas porta-vozes anunciaram que poderiam divulgar nota oficial nas próximas horas.
Além de Brunner, outros 11 ex-oficiais nazistas estariam vivendo na área do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai).
Brunner é procurado pelas Justiças da Alemanha, França, Grécia, Áustria e Israel. Estados alemães devem oferecer recompensas em dinheiro pela captura do ex-oficial. O Centro Simon Wiesenthal pediu à França medida semelhante.
O presidente da Delegação das Associações Israelitas da Argentina, Rubén Beraja, disse que há dois meses vem pedindo informações sobre a suposta presença de Brunner no país, mas que até agora não há confirmação.
O diretor do Centro Wiesenthal na Europa, Shimon Samuels, foi à Argentina para tratar do caso. Ele disse que se reuniu com representantes dos governos do Brasil e do Uruguai.
A PF brasileira negou que tenha sido procurada por representantes do Centro.

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