São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1995
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China reforça segurança com dirigível

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Pequim já conta com reforço policial e militar para evitar manifestações no sexto aniversário do massacre do movimento pró-democracia da praça Tiananmen.
Um dirigível foi mobilizado para sobrevoar a capital e detectar concentrações de estudantes.
A 4 de junho de 1989, tropas do governo atacaram estudantes que acampavam em Tiananmen (praça da Paz Celestial).
As estimativas sobre número de mortos variam de 200 a 1 mil.
Na segunda-feira, intelectuais chineses enviaram carta ao presidente, Jiang Zemin, e ao presidente do Parlamento, Qiao Shi, pedindo que os participantes de Tiananmen não sejam mais qualificados como contra-revolucionários.
O texto foi mais longe ao solicitar a libertação daqueles ``presos por suas idéias ou crença religiosa". Desde 1989 não se reunia um grupo de intelectuais tão importantes para desafiar o governo.
Lidera as assinaturas Wang Ganchang, 88, um dos pais da bomba atômica chinesa. A redação do texto coube ao físico Xu Liangying, 75, tradutor de obras do cientista Albert Einstein.
O governo costuma ignorar tais cartas, como aconteceu com aquelas enviadas em março a uma reunião especial do Parlamento.
Segundo a imprensa de Hong Kong, as autoridades chinesas iniciaram a tradição recente do fim de maio: reforçar a mobilização policial para evitar manifestações.
Nesta semana, ao tentar marcar entrevista com uma personalidade chinesa, a Folha recebeu resposta negativa, sob a argumentação de que o eventual entrevistado estava ``com a agenda lotada".
No entanto, foi possível apurar que a orientação é impedir contatos com jornalistas estrangeiros às vésperas do aniversário de Tiananmen, a fim de evitar discussão sobre o massacre.
Além de trazer mais tropas a Pequim, o governo equipou-se com um dirigível, aparelho sustentado no ar por um balão.
Embora menos ágil do que um helicóptero, o dirigível gasta menos combustível.
O ``novo vigia" deve concentrar suas atividades sobre a região noroeste de Pequim. Motivo: lá estão concentradas as principais universidades da capital, centros de agitação antigoverno.
O Partido Comunista chegou ao poder em 49 e em 78 deslanchou reformas que introduzem o capitalismo. Mas a liberalização na economia não se reflete na política, submetida ao monopólio do PC.

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