São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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PFL faz "plástica" de olho no ano 2000

FERNANDO RODRIGUES; JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
No seu projeto de se tornar o maior partido do Congresso, o PFL definiu quatro Estados prioritários, onde quer atrair lideranças de peso e acabar com sua crônica anemia eleitoral: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Os alvos dos pefelistas nestes Estados já foram escolhidos e contatados: Cesar Maia (RJ), Romeu Tuma (SP), Hélio Costa (MG) e Nelson Marchezan (RS).
A preocupação do PFL, entretanto, não está só em receber uma ``transfusão" de votos. As aparências também são importantes para os pefelistas.
Temendo o apelido de ``Arenão", eles encomendaram ao publicitário Mauro Salles estudos para fazer uma cirurgia plástica na sigla e no logotipo partidários (leia texto nesta página).
Com alguns dos caciques escolhidos, o flerte já foi transformado em noivado -como no caso do prefeito do Rio, Cesar Maia. Ele deve filiar-se ao PFL em julho.
Em São Paulo, onde o partido nunca teve um nome forte para disputar eleições majoritárias, o senador Romeu Tuma (PL) é a ``noiva". O PFL quer fazer dele seu candidato a prefeito da capital.
Indagado se aceitará o pedido de casamento, o ``xerife" desconversa. Mas não esconde a tentação de aceitar a proposta.
Na semana passada, roubou a festa em homenagem ao presidente do PFL, Jorge Bornhausen, oferecida pelo ex-governador Abreu Sodré, em São Paulo. Único político não-pefelista presente, não se cansava de posar ao lado dos anfitriões para fotos.
Em Minas, a proposta de namoro já foi feita ao candidato derrotado em 1994 na eleição para governador Hélio Costa. Administrando o que sobrou de seu PP no Estado, Costa ainda não deu sua resposta.
Mas vários de seus correligionários que já migraram para o PFL, como o deputado Raul Belém, dizem que o ``sim" é só uma questão de tempo.
Também convidado, Nelson Marchezan (PPR-RS) teoriza: ``A redução de partidos é uma necessidade do país. Tenho conversado com o Bornhausen. Temos uma velha amizade. Não tenho nenhum compromisso, mas não nego certa proximidade com o PFL".
Ao mesmo tempo em que tenta seduzir caciques, o PFL atua no Congresso roubando deputados de outras siglas. Para fortalecer sua estratégia, articula uma nova lei partidária que torna impossível a subsistência das pequenas siglas.
Na lógica dos pefelistas, o partido será o receptáculo dos parlamentares que, vendo suas chances eleitorais murcharem junto com suas atuais siglas, ficarão tentados a trocar de legenda.
``O PFL não nasceu de um encontro de liberais. Nasceu de uma dissidência do PDS", lembra o presidente do partido, Jorge Bornhausen. Depois de uma década de existência, ele acredita que agora a sigla já amadureceu o suficiente e ``está encontrando o caminho de sua identificação".
Na prática, o que o PFL quer é assumir o papel de agremiação liberal com coloração social-democrata. Essa lacuna na política brasileira é preenchida, à ``esquerda", um pouco pelo PSDB. E, à ``direita", pelo PPR (ex-Arena e ex-PDS). Mas jamais esteve ocupada em definitivo.
Para profissionalizar ainda mais a sua atuação, o partido lançou também o projeto PFL-2000. Trata-se de preparar a legenda para o século seguinte. ``Nós sabemos que haverá um afunilamento partidário. Vai sobreviver aquele que não tiver donos e mantiver uma estrutura nacional", diz Jorge Bornhausen resumindo o objetivo dos pefelistas.

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