São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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Manifestantes perderam o juízo, diz FHC

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PIRANHAS

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem em Piranhas (AL) que as manifestações contra seu governo precisam parar.
Segundo ele, os manifestantes perderam o juízo. Anteontem à noite, um ônibus da Presidência foi apedrejado em Campina Grande (PB).
``As manifestações são feitas por um punhado de radicais que não estão preparados para a democracia. Eu acho que isso tem que parar porque não se trata do presidente, a pessoa. É a instituição", declarou o presidente. ``Eu acho que esse pessoal perdeu o juízo".
O presidente fez a afirmação minutos depois de ter acionado o botão que ligou a segunda turbina da usina hidrelétrica de Xingó, localizada no rio São Francisco, na fronteira entre Alagoas e Sergipe.
Meia hora antes, no momento em que FHC desembarcava do helicóptero que o conduzia, manifestantes atiraram três pedras, que caíram a cerca dez metros do presidente, sem atingir ninguém.
Ao todo havia cerca de 300 manifestantes, que portavam faixas da CUT.
Os manifestantes estavam a cerca de 80 metros do heliporto em que pousou o aparelho de FHC.
O presidente da CUT-AL, Paulo Fernandes dos Santos, disse que o movimento não agride o presidente e sim faz ``discussão política": ``Quem joga pedra é gente do governo infiltrada no movimento para culpar os manifestantes".
Os manifestantes chegaram a Piranhas em seis ônibus vindos de Maceió (AL) e Aracaju (SE) e foram impedidos de acompanhar a inauguração da usina.
A subsecretária de imprensa da Presidência, Ana Tavares -atingida por estilhaços do vidro do ônibus que estourou com a pedrada-, tinha ontem um band-aid no cotovelo esquerdo. Ela participou de toda a programação.
O Gabinete Militar da Presidência espalhou 500 homens do Exército, das polícias Federal, Rodoviária Federal e Militar de Alagoas e Sergipe para impedir o acesso de manifestantes à cerimônia.
As três vias de acesso à usina foram bloqueadas. Somente puderam entrar pessoas credenciadas. Depois de descerrar a placa de inauguração da turbina, ao lado do governador alagoano, Divaldo Suruagy (PMDB), FHC pegou uma pá e plantou uma muda de ipê.
Por segurança, o Gabinete Militar mudou o local de embarque do presidente antes de ele deixar Piranhas, às 13h.
O embarque ocorreu num campo de futebol da usina, distante 600 metros dos manifestantes, que não viram a partida de FHC.
Quando concluída, Xingó será a segunda maior hidrelétrica do país e a maior do Nordeste. A turbina inaugurada ontem tem capacidade para abastecer uma cidade com 2,5 milhões de habitantes, população equivalente à da Grande Recife.
A obra foi planejada no governo João Baptista Figueiredo (79-85), iniciada e paralisada no governo José Sarney (85-90), retomada por Fernando Collor (90-92) e concluída por Itamar Franco (92-95).
Antes de embarcar para Xingó (AL), FHC tomou café da manhã com agentes comunitários de saúde. O presidente prometeu aumentar o número de agentes no Nordeste como forma de melhorar a assistência médica e diminuir a mortalidade infantil.

Colaborou o enviado especial a Natal

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