São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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Governo pagou caro para reforma andar

Ruralistas conseguem prorrogar dívida de R$ 1 bi

PLÍNIO FRAGA
DA REDAÇÃO

A aprovação na Câmara dos Deputados da emenda que elimina o monopólio estatal do gás canalizado mostrou que a reforma constitucional começou a superar a resistência da oposição. Apesar dos tropeços do governo e do preço que está sendo cobrado a Fernando Henrique Cardoso.
Na terça-feira, após a retirada do artigo que beneficiava a Petrobrás e o grupo OAS, a Câmara aprovou -por 334 votos a 54- a quebra do monopólio do gás, que passará agora por outras duas votações no Senado.
O placar mostrou maioria folgada dos governistas, mas não foi uma vitória fácil nem barata.
A bancada que defende os interesses dos produtores rurais ameaçou impedir a votação da emenda se FHC não renegociasse as dívidas dos agricultores com o Banco do Brasil.
Os parlamentares conseguiram a prorrogação, por um ano, de cerca de R$ 1 bilhão da dívida atrasada.
Reconhecendo a força do governo, Lula (PT), Leonel Brizola (PDT) e Miguel Arraes (PSB) começaram a articular uma frente contra as reformas que foi rotulada pelos adversários como o ``último suspiro" da esquerda.
No lançamento da frente, Brizola apregoou um futuro sombrio: ``Se não houver reação civil, vai haver reação militar."
Foi também uma semana de fantasmas e monstros na articulação para o encerramento da greve dos petroleiros que atingiu na sexta-feira seu 17º dia. Parlamentares e CNBB foram acionados para tentar reabrir negociações entre governo e petroleiros.
Não deu certo. Cada um ficou firme em seu papel. Os grevistas produziram esquete no qual a Petrobrás é uma virgem e FHC aparece como vampiro. Para o governo, os sanguessugas são os corporativistas agarrados a jugular da estatal.

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