São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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Entidade carioca ajuda a resgatar a sexualidade

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Entidade ajuda a resgatar a sexualidade
Grupo Pela Vidda, do Rio, orienta infectados a não sentir culpa com relação ao sexo quando descobrem a doença
A carioca Valéria Lewis, 29, há seis anos sabe que é portadora do vírus HIV. Pensou em se matar uma vez -quando o marido, que sabia que ela tinha Aids, contaminou-se também e a abandonou.
``Não pensei em me matar nem quando recebi o primeiro exame positivo, mas não suportei a rejeição do homem que eu amava. Na época, me culpei muito, mas hoje penso que ele também pode ter se contaminado com outras pessoas", diz Valéria.
Casos como o de Valéria chegam diariamente ao Pela Vidda, organização não-governamental do Rio que dá orientação a portadores de Aids, a seus amigos e parentes.
O grupo foi fundado há seis anos pelo escritor Herbert Daniel, que morreu de Aids em 92. Hoje, é um centro de discussão de políticas de prevenção à Aids.
O trabalho do Pela Vidda inclui desde oficinas para ensinar o sexo seguro -práticas sexuais para evitar a doença- até um escritório de assistência jurídica aos portadores, passando por grupos de arte e cafés de fim de tarde.
O presidente do grupo, Ronaldo Mussauer, 28, afirma que as principais angústias e dúvidas de quem procura o Pela Vidda dizem respeito à sexualidade.
``Muitas delas se contaminaram pela via sexual. Então, elas vêm para cá sentindo uma espécie de culpa a respeito do sexo, e mudar isso faz parte da nossa luta", diz.
As discussões em grupo permitem a Mussauer tirar algumas conclusões. A primeira é que, entre os portadores, há muito mais mulheres que homens abandonados pelos parceiros por causa do HIV.

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