São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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'Cuidados deixam relações mais tensas'

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A primeira reação daqueles que descobrem que estão com o vírus da Aids é um medo muito grande de ser rejeitado pelo parceiro.
Depois vem o medo de infectar o outro. E mais tarde a dificuldade de projetar o futuro diante da perspectiva da doença e da morte.
Quem afirma é o psicólogo Valter Gallego que trabalha com soropositivos e que também tem o vírus. "Numa primeira fase, a vida sexual diminui bastante. A relação fica mais tensa por causa do excesso de cuidados", afirma.
Essa tendência aparece em pesquisa feita pelo Centro de Referência e Treinamento em Aids da Secretaria da Saúde.
"A maioria dos que se infectaram por sexo pararam de ter relações", diz Artur Kalichman, do CRT-Aids. "Os que se infectaram pelo uso de drogas não mudaram muito seus comportamentos."
Ele afirma que o principal problema ocorre com casais heterossexuais. "Eles descobrem que não podem ter filhos e isso abala a idéia de família."
A psicóloga Sônia Maria Rodrigues e Rodrigues diz que os soropositivos têm mais facilidade em retomar seus relacionamentos depois que conhecem outros portadores. Sônia faz parte do Círculo de Psicologia de Ajuda, CPA, uma equipe de profissionais que atende portadores junto ao GIV, Grupo de Incentivo à Vida.
Segundo ela, os participantes das terapias concordam que não é preciso revelar ao parceiro sua soropositividade, pelo menos no início da relação. ``Se contar, a relação nem começa, eles dizem", afirma ela.

GIV - (011) 572-120

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