São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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Para clã, lutar é 'obrigação divina'

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

A família Gracie, desde a década de 30 no Rio de Janeiro, tornou-se uma legenda ao introduzir o jiu-jitsu, popularizar o esporte, torná-lo uma religião e, principalmente, um bem-sucedido ganha-pão.
A história dos Gracie -sobrenome de origem escocesa- é a do jiu-jitsu. O precursor da família no esporte foi Carlos Gracie, morto em 1994 aos 92 anos.
Quando adolescente, em Belém do Pará, ele era visto como um garoto rebelde. Para discipliná-lo, o pai mandou-o aprender jiu-jitsu com um diplomata japonês, o Conde Koma.
Carlos aprendeu, virou professor e ensinou a ``arte suave" -significado da expressão jiu-jitsu- aos quatro irmãos mais novos: Oswaldo, George, Gastão e Hélio.
Ao se mudar para o Rio, abriu uma academia no centro da cidade. Seu irmão Hélio, hoje com 82 anos, revelou-se o maior lutador do país. Enfrentou lutadores estrangeiros de outras artes marciais.
Os cinco irmãos Gracie tiveram cerca de 40 filhos. Carlos, o introdutor da modalidade no Rio, teve 21 filhos, dos quais 12 homens. Todos se dedicam ao jiu-jitsu.
``O jiu-jitsu é o nosso karma, uma obrigação divina. Nossa missão é proliferá-lo pelo mundo", afirma Carlos Gracie Júnior, 39, filho do precursor.
``Somos um clã", diz. Segundo ele, o jiu-jitsu cresceu porque as pessoas se impressionavam com os feitos dos cinco irmãos.
Em média, eles pesavam 63 kg. ``Mas, com a técnica, os magricelas enfrentavam e venciam homens gigantescos."
Hoje os Gracie têm cinco academias no Rio, quatro em outros Estados do país e seis nos Estados Unidos, onde brilha Royce Gracie, um dos nove filhos de Hélio.
Carlos Gracie Júnior preside a Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu, fundada há um ano. Ele estima que 200 mil pessoas pratiquem o esporte no país.
Nascido na Índia há mais de 2.000 anos e desenvolvido no Japão, hoje o jiu-jitsu é reconhecido internacionalmente como uma especialidade brasileira.

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