São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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Vitória hoje no clássico espanta fantasmas

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Diz o lugar-comum do futebol que clássico, por definição, é imprevisível. Nem sempre, retruco, para acrescentar que o chavão cai como uma luva para o Corinthians e Palmeiras desta tarde. Menos pela força da tradição ou pelo equilíbrio de forças das duas equipes, mas muito menos pelas incertezas que ambas andaram semeando ao longo da semana.
Por exemplo: o Palmeiras atravessa aquela zona cinzenta que separa a saída do técnico Espinosa da chegada do novo treinador, que, dizem, pode ser Carlos Alberto Silva. Assim, tanto pode flutuar na indecisão esta tarde, quanto disparar uma blitz avassaladora sobre o inimigo, movido pelos brios de seus jogadores, tocados pela perda de seu líder.
Agora, a coisa toda é só conosco, vamos nos unir, aleguá-guá-guá, essas trivialidades que às vezes funcionam.
Além do mais, mesmo não valendo nada neste desvalido campeonato, ganhar do eterno rival sempre foi a fórmula eficaz para espantar os fantasmas dos dois Parques. E o Palmeiras, há sete rodadas no campeonato, não faz outra coisa senão colecionar fantasmas.
Já o Corinthians, que iniciou a semana com ares de agora ninguém me segura, ao bater o Paraná, pela Copa do Brasil, com dois gols de Viola, submeteu-se à suprema humilhação, ao levar de 3 a 0 do Novorizontino, na noite de quinta. É bem verdade que jogou desfalcado de vários titulares e tal e cousa e maripousa.
Não terá Viola, Zé Elias, o centro de gravidade de sua intermediária, e Elivélton, o ponta que, ao entrar no segundo tempo, mudava os humores do time.
Em todo caso, sempre é um Corinthians e Palmeiras. E só isso já é uma reverência do futebol à galera.

Num jogo como aquele -Brasil e Israel-, há que se ler nas entrelinhas. Afinal, nossos craques foram escolhidos mais pelas circunstâncias do que pelo desejo do treinador. Reuniram-se no aeroporto, atravessaram o mundo, fizeram um leve treino e enfrentaram uma força emergente do Oriente Médio.
Ganharam de 2 a 1, como poderiam ter goleado ou mesmo empatado, com o claro declínio no final da partida.
O que importa é saber como se comportaram, enquanto tiveram fôlego e depois de adquirirem, durante o jogo, um mínimo de entendimento entre si, alguns dos candidatos a uma vaga na seleção. Giovanni entrou no finalzinho só para sentir na pele a textura da camisa de ouro, enquanto Juninho vai mantendo sua aura de titular, mesmo sem se destacar.
Quem deu sinais de que chegou pra ficar foi mesmo Rivaldo. No começo, comedido demais. Em seguida, o centro das jogadas de ataque do time, culminando com o gol que sintetiza seu futebol: ele mesmo armou e ele mesmo foi lá conferir, tudo em alta velocidade e revestido de uma técnica refinada.
Resumindo: Rivaldo faz tudo que a receita zagalliana recomenda: combate, cria e conclui. E, de choro, é alto e bom de cabeça. Então, falta o quê?

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