São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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Tradição

SÍLVIO LANCELLOTTI
Na história do futebol da Bota, nenhuma outra agremiação conquistou mais títulos do que a Juventus de Turim. Hoje, a ``Velha Senhora" pode ganhar, pela 23ª vez, o Campeonato da Itália. Já levantou a Copa de seu país em oito ocasiões e, em junho, frente ao Parma, terá a chance do seu sucesso de número nove.
A Juve somente não venceu, na sua terra, a Supercopa da Bota. Em agosto, porém, terá enfim uma oportunidade de arrebatar tal taça, de novo diante do Parma.
Além do Barcelona, da Espanha, apenas a Juventus abocanhou todos os troféus dos interclubes da Europa. Uma vez a Copa dos Campeões, uma a Recopa, em três competições a Copa da Uefa, uma outra a Supercopa continental.
Em 86, ficou com a Copa Toyota, o Mundial de clubes. Nenhum dos seus lauréis, no entanto, parece simultaneamente tão delicioso e morno como aquele que hoje bate a sua porta. Por um lado, a ``Senhora" não ganha um campeonato desde 86. Por outro, deve-se tornar a primeira ``reggina d'Italia" com três derrotas em casa.
Claro que romper quase uma década de jejum é uma façanha. Uma década significa uma tragédia para o time mais poderoso do planeta, propriedade da família Agnelli, entenda-se a Fiat. Principalmente porque, desde a inauguração, na Itália, em 1929, do certame em turno e e returno, só uma vez a equipe ficou tanto tempo sem o privilégio do topo da tabela.
A desgraça aconteceu após o seu antológico penta, de 31 a 35. Esgotada a geração de Monti, Ferrari e do brasileiro Sernagiotto, mais conhecido como o Ministrinho do Palestra, a Juve apenas recuperou o ``scudetto" em 50, graças a uma outra estirpe nobre, Viola, Parola, Boniperti e os dinamarqueses John e Karl Hansen.
Depois de 50, claro, a Juve ficou vários espaços sem os títulos. Até que, em 71, se inaugurou a era de Furino, Morini, Causio, Bettega, Cuccureddu, Zoff, Gentile, Tardelli, Cabrini e Scirea -a Juve obteve 9 glórias em 15 disputas, até o título de 86.
Àquele troféu a equipe chegou com um punhado de corajosos veteranos e mais um craque genial, o francês Michel Platini. Ocorreram, de todo o modo, uma crise de dinheiro e um cruel batalhão de equívocos na tentativa de renovação de seu elenco. E a Juve atingiu 95 com uma retaguarda pobre e um meio-campo sem imaginação, um time sem carisma que provoca muitas saudades em quem viu Boniperti, Tardelli, Scirea ou Platini.

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