São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995 |
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Robert Gallo bate a USP
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
Robert Gallo, co-descobridor do vírus da Aids e cientista dos conceituados Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, recebeu 36.789 citações entre 1981 e 1990. Em período maior, 1980-1993, todos os pesquisadores da USP somados tiveram 38.977 citações. Gallo assinou 418 artigos científicos de 1981 a 1990. Em média, cada um foi citado 93,2 vezes. A USP teve média muito mais baixa: 2,8 citações por artigo. Na lista brasileira, o neurologista Lineu Werneck, da Universidade Federal do Paraná, detém o recorde de citações por trabalho. Como só três artigos, conseguiu 223 citações, 74,3 a cada um. À Folha, Werneck, 54, se disse "surpreso" com o impacto internacional de sua pesquisa. Ele falou, por telefone, de Seattle (noroeste dos EUA), onde assistia, pagando tudo do próprio bolso, o encontro anual da Academia Americana de Neurologia. Werneck afirmou que não contabiliza citações e que seus trabalhos de maior repercussão foram parcerias com a prestigiosa Universidade Columbia (Nova York). Publicou no "New England Journal of Medicine", a revista médica mais importante dos EUA. Embora tire segundo lugar em citações por docente (atrás da ex-Escola Paulista de Medicina, atual Universidade Federal de São Paulo), a Universidade de São Paulo lidera com folga no Brasil em número absoluto de citações e de publicações. Nos dois casos, de 1980 a 1993, a Universidade Federal do Rio de Janeiro aparece em um distante segundo lugar. A UFRJ teve 12.945 citações (contra as 38.977 da USP) e 4.150 publicações (13.914 para a USP). Nos países desenvolvidos torna-se cada vez mais comum usar citações como parâmetro de qualidade científica. No Canadá, a Universidade de Quebec em Laval chega ao extremo de basear no número de citações que seus pesquisadores recebem boa parte das decisões sobre verbas e promoções salariais. As citações contam 40%; a quantidade de bolsas recebidas, outros 40%; os 20% restantes dependem do desempenho de alunos de pós-graduação e pós-doutorado. Inquirido pela revista americana "Science" sobre a "impessoalidade" e "frieza" desse sistema, o diretor Fernand Labrie foi pragmático: "Nosso sistema não é mais cruel do que a própria vida". Texto Anterior: Brasil é sétimo na América Latina Próximo Texto: Romance idealiza 'gênio improdutivo' Índice |
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