São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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A SENTENÇA

``Oscar Wilde e Alfred Taylor, o crime de que sois acusados é tão mau que alguém tem que colocar rígida restrição sobre si para impedir a si mesmo de descrever, em linguagem que eu preferiria não usar, os sentimentos que devem despertar no peito de cada homem honrado que ouviu os detalhes destes dois julgamentos terríveis. Que os jurados chegaram ao veredicto correto neste caso, não posso me permitir uma sombra de dúvida.
Espero que todos aqueles que, às vezes, imaginam que um juiz é indiferente à causa da decência e moralidade, porque cuida para que nenhum preconceito entre no caso, possam ver que isto é consistente pelo menos no extremo senso de indignação trazida pelas ofensas terríveis praticadas por ambos.
É inútil para mim dirigir-me a vós. Pessoas que fazem estas coisas devem ter matado dentro de si todo senso de vergonha e ninguém pode esperar produzir nenhum efeito sobre elas. Este é o pior caso que já julguei. Que o senhor, Taylor, manteve uma espécie de bordel masculino é impossível duvidar. E que o senhor, Wilde, tem sido o centro de extensa corrupção da mais horrenda espécie entre jovens, é igualmente impossível duvidar.
Devo, diante de tais circunstâncias, prolatar a mais severa sentença que a lei permite. Na minha opinião é ela totalmente inadequada para um caso como este. A sentença da Corte é que cada um de vós seja colocado na prisão, com trabalhos forçados, por dois anos."

Sentença proferida pelo juiz Alfred Wills, 67, no dia 25 de maio de 1895, no Tribunal de Old Bailey, condenando Wilde no dia do aniversário da rainha Vitória. Extraído de H. Montgomery Hyde, "The Trials of Oscar Wilde"

Tradução de GENTIL DE FARIA

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