São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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Gays ingleses pedem perdão para Wilde e lutam por novos direitos

ROGÉRIO SIMÕES
DE LONDRES

O grupo OutRage!, que luta pelos direitos dos homossexuais no Reino Unido, ainda pretende conseguir da coroa britânica um perdão oficial ao escritor Oscar Wilde. No início do ano passado, o grupo fez um apelo formal à rainha Elizabeth 2ª, mas o pedido foi negado.
A alegação do governo, que assessora a rainha em decisões como essa, era de que Wilde não poderia ser perdoado porque ele havia cometido o que, na época, era considerado um crime. "Há um problema legal, admite David Allison, 58, porta-voz do OutRage!.
Mas o grupo acredita que se o Partido Conservador, atualmente no governo, perder as próximas eleições gerais, o perdão será conseguido mais facilmente.
"Um governo trabalhista estaria muito mais inclinado a colaborar, diz Allison. Como as atuais pesquisas de opinião do Reino Unido apontam uma vitória da oposição nas próximas eleições, previstas para 1997, o grupo pretende voltar ao tema em pouco tempo.
Apesar de o homossexualismo não ser mais um crime para os britânicos, os militantes ainda concentram esforços em dois focos de resistência contra a comunidade gay: a igreja e as Forças Armadas.
O OutRage! iniciou uma campanha agressiva para que padres e bispos homossexuais assumam sua condição para derrubar o preconceito dentro da Igreja Anglicana.
A campanha tem provocado muita polêmica e mesmo membros de outros grupos alegam que a liberdade individual de cada um, de se assumir como gay ou não, não deveria ser afetada.
Como a Igreja Anglicana permite o casamento de padres, os militantes alegam que o direito de assumir sua sexualidade não poderia ser negado aos homossexuais.
No caso da igreja, não existe nenhuma punição prevista para o membro que disser que é gay. Mas as Forças Armadas britânicas expulsam automaticamente qualquer homossexual que for encontrado em seus quadros.
Na última semana, a Justiça do país começou a analisar o caso de quatro pessoas, um sargento, um tenente, um engenheiro e uma enfermeira, que foram afastados.
Os quatro querem que sua dispensa seja considerada ilegal para que possam voltar ao trabalho. Se a Justiça decidir em seu favor, poderá abrir um precedente para acabar com a proibição.
Segundo grupos organizados, nos últimos quatro anos 240 homossexuais, homens e mulheres, foram rejeitados ou afastados das Forças Armadas britânicas.

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