São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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"Integração é a prioridade"

FLAVIO CASTELLOTTI
DA CIDADE DO MÉXICO

Folha - No caso específico do Brasil, quais são as expectativas para o comércio bilateral?
Gurría - O México é um grande cliente do Brasil, pois temos um déficit de US$ 800 milhões no comércio bilateral.
Com o plano de ajuste implementado pelo atual governo mexicano, creio que a tendência é de um maior equilíbrio do fluxo comercial do país porque um dos objetivos do plano é justamente reduzir o déficit da balança comercial.
Com o Brasil, o déficit é tão grande que não acredito que possa ser totalmente compensado pela desvalorização do peso ou pelo incentivo às exportações impostos pelo programa de ajuste mexicano. De qualquer forma, esse déficit deve diminuir.
Folha - O que impede um maior comércio entre Brasil e México?
Gurría - De fato o volume do comércio bilateral não é grande se consideramos que o México tem um fluxo comercial total de US$ 150 bilhões por ano, e um comércio com o Brasil da ordem de US$ 1,5 bilhão. É 1%.
Uma relação mais estreita com o Brasil é prioridade estratégica absoluta do atual governo mexicano. Tanto em nível comercial como econômico e político.
Para tanto estamos recompondo nossa representação diplomática no Brasil. Mandamos um novo embaixador, José Luis Reyna, que acaba de assumir e trata-se de uma pessoa altamente capacitada para estreitar o vínculo.
Por outro lado, falta integração dos setores privados. O governo pode ajudar no processo de união, mas a atuação dos setores privados é imprescindível.
Folha - O sr. vê algo que obstrua a integração do Brasil ao Nafta?
Gurría - De maneira nenhuma. Eu sou um grande admirador do Brasil. A integração dos demais países latino-americanos ao Nafta, seguindo o exemplo do Chile, me parece algo natural.
Grande parte do êxito do processo de integração do continente americano, previsto no ano passado pela Cúpula de Miami (EUA), estaria assegurada caso o Brasil decida incorporar-se com entusiasmo.
Folha - As medidas tomadas pelo governo mexicano são suficientes para contornar a crise?
Gurría - As medidas que foram tomadas eram necessárias. O que vai definir o êxito do plano de emergência implementado pelo governo é justamente a perseverança na aplicação dessas medidas. Não haverá nova desvalorização do peso este ano.
Folha - O sr. afirmou há duas semanas que o conflito com a guerrilha em Chiapas é guerra de papel. O sr. não subestima a importância da questão?
Gurría - Deram muito destaque a essa afirmação, que, de fato, fora de seu contexto original assume outro significado.
Estamos tratando de resolver o problema de forma civilizada, e é importante que a opinião pública internacional saiba que não há confrontação armada na região há 15 meses. Estamos trabalhando para solucionar a questão.

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