São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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Sorvete inglês faz sucesso entre chineses

The Independent
De Londres

TERESA POOLE

Quando a situação política esquenta, o jeito é dar uma esfriada com sorvete.
E, independentemente da situação das relações sino-britânicas, os habitantes de Pequim consomem há mais de um ano o sorvete da marca Heluxue, que em tradução literal significa "Paz-estrada-neve", mas que, para os ouvidos chineses, soa mais ou menos como Wall's.
No início da semana, um grupo de empresários britânicos vindos à China em missão comercial visitou a fábrica do joint venture da Wall's, na periferia de Pequim.
Trata-se de uma das grandes histórias de sucesso dos investimentos britânicos na China (ou quase isso, já que a Wall's é propriedade do grupo britânico-holandês Unilever).
Desde que a fábrica abriu, em junho de 1994, 40 milhões de sorvetes já foram produzidos por ela e vendidos nas ruas de Pequim.
As relações sino-Cornetto estão indo muito bem. Com a chegada próxima do verão, a fábrica está produzindo cerca de 1 milhão de sorvetes por dia para serem vendidos por 5.000 distribuidoras espalhadas pela cidade, na maioria freezers em lojas, quiosques e triciclos semimóveis.
"Nossa meta era suprir o mercado local daqu"i, disse Robert Smith, gerente geral da Wall's na China.
"Alguns dos produtos foram adaptados para se adequarem ao gosto dos chineses."
"Os chineses gostam de doces em geral", acrescentou Smith, "mas não apreciam sabores muito adocicados. Por isso, reduzimos o açúcar em vários dos produtos".
Mesmo para uma empresa bem assentada como a Wall's, a China pode ser parada dura.
A empresa começou a pesquisar o mercado no início de 1992, e no final daquele ano optou por produzir sorvetes em joint venture com a Sumstar, uma divisão do Conselho Nacional de Indústria Leve chinês.
"Passamos os seis meses seguintes correndo atrás das várias autorizações e licenças exigidas, e acertando todos os detalhes burocráticos", disse Smith. "Quantas licenças? Dúzias e mais dúzias."
Os trabalhos no local da fábrica começaram em junho de 1993, e a produção, um ano depois. A Wall's é proprietária de 95% do joint venture, que teve investimento total de US$ 55 milhões.
"Quando chegarmos ao terceiro ano de produção, a fábrica certamente será lucrativa. Isso se encaixa perfeitamente nas previsões."
O sucesso da fábrica de sorvetes tem sido tão grande que outra fábrica semelhante já está sendo construída em Xangai.
Mas a China não é um país fácil para se trabalhar. "Quem quer investir aqui precisa ter uma atitude pragmática", disse Smith.
"Os interessados precisam tomar o tempo necessário para compreender o mercado, como os negócios são feitos aqui e ter muita paciência".

Tradução de Clara Allain

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