São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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Censura; Poder desarmado; Novas fogueiras; Brizola e os militares; Questão de promessa; A qualquer preço; Pelé e Capitu; Segurança no Rio; Heróis; Coquetel; FHC e os índios

Censura
``Nós, professores de Ciência Política da Universidade de São Paulo, tornamos público que nos sentimos honrados em ter como colega Leôncio Martins Rodrigues, que por muitos anos foi nosso coordenador e professor titular. Trata-se de destacado pesquisador na área de sociologia industrial e do trabalho e um cientista político de renome internacional, com uma obra científica bem estabelecida na área de movimentos e processos políticos. Lamentamos que o presidente da CUT, sr. Vicente Paulo da Silva, com o objetivo de contestar opiniões expressas pelo professor, tente desqualificá-lo como pesquisador. Ao fazê-lo, definindo quem teria a prerrogativa de pensar e falar sobre o movimento sindical, parece arrogar-se um direito de censura sobre o conjunto das ciências sociais."
José Augusto Guilhon Albuquerque, Gabriel Cohn, Braz Araújo, Maria Teresa Sadek, Maria D'Alva Kinzo, Fernando Papaterra Limongi e Elizabeth Balbachevsky (São Paulo, SP)

Poder desarmado
``Com referência às palavras do sr. Mailson da Nóbrega (`A Justiça é um poder desarmado, mas pode requisitar a força para que suas decisões sejam cumpridas', seção Frases, 17/5), mereceriam mais credibilidade se as tivesse dito durante a condenação do sr. Humberto Lucena pelo STF. Senhor ex-ministro, eu não sabia que o sr. era um homem de dois pesos e duas medidas."
Salvador Faria (Marília, SP)

Novas fogueiras
``Dom Lucas Moreira Neves (Folha, 14/5) transmite ódio e intolerância. Também orgulho, ranço e medo. Dom Luciano Mendes, o doce e culto pastor, deixará saudades. Sou espírita, mas reconheço a missão do catolicismo e assim temo que Torquemadas reencarnados possam atear novas fogueiras no mundo. Certamente d. Lucas votou contra a reabilitação de Galileu."
Francisco Carvalho de Oliveira (São Paulo, SP)

Brizola e os militares
``As declarações do sr. Leonel Brizola publicadas nesta Folha no dia 18/5, solicitando a intervenção dos militares no processo de privatização pelo qual estamos passando, nos levam a pensar se já não estaria na hora do `velho caudilho' se aposentar."
Derson Luiz Jacomini (Curitiba, PR)

``O pronunciamento de Brizola é calculada invocação. Considerando sua experiência com um regime militar, a expressão do caudilho desnuda o homem que ele ainda é: um inveterado e incorrigível oportunista. O único assunto na agenda de Brizola é Brizola."
Hanns John Maier (Ubatuba, SP)

Questão de promessa
``FHC prometeu durante sua campanha eleitoral extinguir o IPMF. Cumpriu a promessa. Quanto a recriá-lo, nada prometeu. Talvez tenhamos que engolir mais uma vez."
Marcos Moreno (Varginha, MG)

A qualquer preço
``O governo quer é vender as estatais a qualquer preço, como o viciado vende qualquer coisa, a qualquer preço, para comprar o objeto de seu vício; amanhã, se não houver nada para vender, ele poderá roubar, poderá matar."
Fernando Antônio da Silva (Nova Era, MG)

Pelé e Capitu
``Brilhante e patriótico o trabalho de pesquisa que vem sendo desenvolvido pela Folha, resultando em seguidas publicações, para apurar qual teria sido de fato o milésimo gol de Pelé. Faz lembrar a discussão bizantina que se desenvolveu há anos, no mesmo jornal, para esclarecer, de uma vez por todas, se Capitu traiu Bentinho..."
Paulo Victorino (São Paulo, SP)

Segurança no Rio
``O general Nilton Cerqueira deveria assistir a mais filmes atuais. Nem em filmes do Rambo a realidade não é tão simplificada e maniqueísta quanto ele pinta. Talvez assim ele desse conta dos desafios do encargo, coisa que não fez no comando da PM em 1982."
Júlio César Fernandes Lira, seguem-se mais três assinaturas (São Paulo, SP)

``Cumprimentamos a Folha pelos artigos de Clóvis Rossi e Gilberto Dimenstein criticando a nomeação de um antigo chefe do Doi-Codi da Bahia para a Secretaria de Segurança do Rio. Não se trata de revanchismo nem de patrulhamento; a experiência de um quadro da repressão ilegal do regime autoritário não garante eficiência na luta contra a criminalidade na democracia."
Paulo Sérgio Pinheiro, Fernando Millan e Maria Ignês Bierrenbach, pela Comissão Teotônio Vilela (São Paulo, SP)

Heróis
``Parabenizo a Folha pela matéria publicada ressaltando os feitos heróicos da Força Expedicionária Brasileira. Comprovações de elevado sentimento patriótico, como o demonstrado por essa empresa, são motivos de orgulho para todos os brasileiros."
Rômulo Bini Pereira, chefe do Centro de Comunicação Social do Exército (Brasília, DF)

Coquetel
``A respeito da reportagem publicada no dia 18/5, `Fundo Social paga coquetel em Brasília', mais uma vez podemos confirmar nossa descrença no atual governo, que em muito pouco vem diferindo dos anteriores quando o assunto é austeridade. Para dar um toque sutil ao escândalo, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto diz que a despesa com o coquetel foi feita anteriormente à determinação do governo proibindo o uso dos recursos do Fundo Social de Emergência com esse tipo de gasto. Quer dizer que antes podia?"
Amadeu Peloggia Filho (Taubaté, SP)

``O Fundo Social de Emergência pagou coquetel para o empresário Roberto Marinho, da Rede Globo, no valor equivalente a 4.000 consultas médicas. Parabéns aos eleitores de FHC."
Gilberto A. Giusepone (São Paulo, SP)

FHC e os índios
``O governo FHC acaba de assumir uma posição explicitamente contrária aos interesses indígenas. A Folha de 15/5 informa que o ministro da Justiça quer mudar o decreto 22/91, que regulamenta os processos de demarcação. A medida é reivindicada há muito tempo por fazendeiros, madeireiros e outros tradicionais adversários das comunidades indígenas. Diz o ministro que o decreto 22, como está, é inconstitucional. Lembramos que as pessoas inconformadas com a ação da Funai já têm recorrido à Justiça. Inconstitucional hoje é a omissão do governo. O prazo dado pela Constituição para a demarcação de todas as terras indígenas acabou em 1993 e ainda restam 286 áreas (num total de 557) por demarcar. O governo também quer rever o tamanho das áreas já demarcadas onde tenha ocorrido redução da população. Esse critério de densidade populacional não existe na Constituição, que apenas manda que se demarque a terra tradicionalmente ocupada pelo povo indígena."
Gilney Viana, deputado federal pelo PT-MT (Brasília, DF)

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