São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995 |
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A órbita do ex-Titã
DALMO MAGNO DEFENSOR
Quando Arnaldo Antunes e os demais Titãs lançaram ``Sonífera Ilha", ele não me pareceu diferente dos autores de outros hits bobinhos da época, como ``Beat Acelerado" (Metrô), ``Como eu Quero" (Kid Abelha), e a simplória ``Ursinho Blau-Blau" (de quem?). Como todas as bandas que batiam ponto no programa do Chacrinha, eles pareciam percorrer a congestionada órbita musical que possui um foco no pop descartável e outro no anonimato. No entanto, o som dos Titãs ganhou massa no segundo LP, ``Televisão": ``Ocridê, fala pra mãe que tudo que a antena capta meu coração captura...", e mais ainda no terceiro, que revelou a face do destruidor: bichos escrotos, porrada. Neste ponto, acreditei saber precisamente a trajetória de Arnaldo: o segundo foco estava na agressividade -a mesma da molecada que eu vira urrando e batendo cabeça ao som de ``Polícia", em um show deles no Hollywood Rock de 88. Porém, passa o tempo e Gal Costa grava ``Cabelo": opa, aquilo não era porrada, nem descartável. Mais recentemente, aparece uma bossa-nova, ``Alta Noite", no disco de Marisa Monte, e ficou sabendo pelo ``Vitrine", da Cultura, que é de Arnaldo a bonita e educativa canção do ``Castelo Rá-Tim-Bum": ``lava uma mão, lava outra...". Enfim, não há órbita definível. O cara é poeta, e o tempo todo -com perdão da paráfrase- apenas finge estar onde deveras se encontra. Mais Beakman? Titã, descoberto em 1655, é um satélite de Saturno. Texto Anterior: Globo balzaquiana quer ser fina Índice |
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