São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 1995
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Acusados negam envolvimento na operação

CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O empresário Valdir Amorim disse que as acusações da Polícia Federal são ``obra de ficção" e não quis comentar a apreensão de uma BMW com placa diplomática em sua casa.
Amorim atribui a investigação às denúncias de um ex-genro. ``A acusação é improcedente porque a busca está pautada em cima de um ilícito penal que foi uma gravação telefônica. Tudo isso é falso e não passa de um problema de família".
O empresário confirma que é um importador de carros e que trabalhava com embaixadas, mas afirma que agia dentro da lei.
Procurado novamente pela Folha, na sexta-feira, para falar sobre as acusações do conselheiro Sérgio Escolar, da Colômbia, Amorim não foi localizado.
Na quinta e sexta-feiras passadas a reportagem ouviu todas as embaixadas que constam na lista apreendida pela PF:
Angola - A Folha procurou a embaixada na quinta-feira. A secretária Dina disse que o embaixador Alfredo Salvaterra não estava e ficou de retornar a ligação.
A reportagem ligou novamente na sexta, deixou recado com o funcionário Francisco para que a secretária Dina e o embaixador entrassem em contato com o jornal. Não houve retorno.
Colômbia - O conselheiro Sérgio Escobar disse que não tem qualquer informação sobre o golpe e o envolvimento de diplomatas colombianos.
Disse que já ouviu falar de Valdir Amorim: ``Ele é conhecido como uma pessoa que envolve e engana os diplomatas que não sabem falar direito o idioma português".
Segundo Escobar, Amorim tem ``problemas" com todas as embaixadas. Ele não especificou que tipo de problema. ``Este senhor está sempre esperando um funcionário fresquinho e ilude as pessoas com promessas de dinheiro grande", disse. Ele não especificou o tipo de promessa.
Panamá - O ministro Alexandre Cuevas disse que não sabe do envolvimento de diplomatas e funcionários na operação.
Cuevas conhece Amorim desde 1980, mas afirmou que não é seu amigo. Contou que Amorim visita a embaixada desde 1980 para oferecer seus serviços de importador de carros.
Espanha - O conselheiro Juan Jose Urtasun disse que a embaixada não recebeu comunicação oficial sobre o envolvimento de funcionários no caso.
Nigéria - O primeiro-secretário, Dangwan Bulus Dabeng, negou que tenha vendido um Lexus para o proprietário da Academia de Tênis de Brasília, Antônio Farani.
O Lexus foi apreendido pela PF no estacionamento da academia. Dabeng também negou que o modelo Acura, estacionado dentro da embaixada, tenha sido vendido ao médico Edno Magalhães.
O advogado de Magalhães, João Pelles, disse que o carro está pago e será entregue quando for finalizado o processo de transferência legal.
Guatemala - A secretária Virgínia disse que o embaixador não estava e que passaria o recado sobre o assunto. Na sexta-feira, a Folha telefonou em vários horários e ninguém atendeu.
República Dominicana - A secretária Cecília disse que o conselheiro Marcos Guerreiro estava viajando, que o primeiro-secretário Orlando Pena estava em reunião e que o embaixador Ector Ariza estava viajando. Foi deixado recado e não houve retorno.
Bolívia - Na quinta-feira, a adido civil, Maria Josefina, prometeu dar uma resposta sobre o assunto. Na sexta, às 17h20, não foi localizada. A reportagem deixou recado com o auxiliar de escritório Jerônimo Durães. Não houve retorno.
El Salvador - O funcionário administrativo Franco Munhoz foi informado do assunto às 11h45 de quinta-feira. Ele prometeu comunicar o fato ao embaixador, mas não houve retorno. Ninguém atendeu os telefonemas dados na sexta-feira.
Líbia - O primeiro-secretário Sitouri Enzam, diz desconhecer qualquer problema envolvendo a importação de veículos. Disse que chegou ao Brasil em janeiro e não conhece Valdir Amorim.
Equador - O segundo-secretário Álvaro Garcia disse que não existe qualquer irregularidade na importação de carros envolvendo funcionários da embaixada.
Zaire - A reportagem ligou para a embaixada na quinta-feira às 9h40, às 10h25 e às 11h20, e na sexta-feira às 17h25. Ninguém atendeu.
Honduras - Uma conselheira, que não quis se identificar, disse que o Itamaraty não fez qualquer comunicado sobre o caso envolvendo a embaixada.
Costa do Marfim - O conselheiro Nassis Kouadio disse não ter informações sobre o caso.
Peru - Nas duas vezes em que a secretária de comunicação da embaixada, Jaqueline Alberta, atendeu os telefonemas -quinta-feira às 12h35 e às 13h10-, ela disse que retornaria a ligação. Na sexta-feira, uma funcionária solicitou o pedido de entrevista por fax. As perguntas foram enviadas às 17h45 de sexta-feira. Não houve resposta.
Senegal - Ninguém atendeu os telefonemas dados para a embaixadas às 9h15 e às 10h10 de quinta-feira, e às 16h40 de sexta-feira.

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