São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 1995 |
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Governo se diz preparado para greve longa
GILBERTO DIMENSTEIN
Raimundo Brito esclareceu que ``livre", neste caso, significaria inclusive discussão em torno de salário, visando a próxima data-base em setembro. ``Uma coisa, porém, é certa, o que o TST disse que era ilegal, não é mais motivo de negociação", afirmou. O tribunal aceitou a argumentação da Petrobrás, de que o acordo coletivo estava sendo cumprido. Por 9 votos a 3, o TST rejeitou o reajuste salarial reivindicado, de 12% a 18%, e reintegração dos demitidos no governo Collor. O Palácio do Planalto já havia informado que a Petrobrás poderá negociar as demissões e o corte dos dias parados, mas os petroleiros rejeitaram, alegando que sem concessão salarial não voltarão ao trabalho. Brito advertiu sobre o risco de ``pânico da opinião pública" agravar a escassez de combustível.``Não estoquem", aconselhou, acrescentando que uma corrida ao botijão de gás complicaria a distribuição e afetaria as ``camadas mais pobres". A avaliação do ministro é que o quadro mais crítico está na região Sudeste. Segundo a Folha apurou, o estoque de gás de cozinha é suficiente para mais dez dias. O ministro disse que não comentaria essa informação: ``Não me cabe comentar estoques." O colapso, na opinião do ministro, está ``descartado", já que vão continuar as importações e, ao mesmo tempo, uma parte dos petroleiros garante 20% da produção. ``A situação é delicada, mas não há motivos para desespero". O ministro voltou a dizer que não existe a menor possibilidade de ``negociação" antes que os petroleiros voltem a trabalhar. Brito anunciou que, no próximo dia 25, o contracheque dos grevistas virá em branco. ``Nossa decisão é descontar os dias parados, vamos acabar uma tradição", comentou. O Palácio do Planalto já emitiu sinais, através de seu chefe do Gabinete Civil, Clóvis Carvalho, que, encerrada a greve, aceita-se negociar os dias parados. Segundo Clóvis Carvalho disse à Folha, os dias devem descontados, mas estaria em aberto a maneira -ou seja, em quantas parcelas. A posição é referendada por Raimundo Brito. ``Não há possibilidade de o governo ceder à chantagem. Isso é algo absolutamente imutável. Estamos dispostos a assumir as consequências desse princípio", afirmou Clóvis Carvalho. A posição de Carvalho reflete um temor do presidente Fernando Henrique Cardoso, para quem a sobrevivência do combate à inflação e de seu governo dependeria, em parte, do desfecho dessa greve. FHC comentou com seus assessores que se o governo ``baixar a cabeça" estaria sinalizando a favor das pressões de toda a sociedade, afetando as contas públicas. Texto Anterior: Pazzianotto aceita crítica da FUP Próximo Texto: Grevista corta a oferta de gás Índice |
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