São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 1995
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Desnutrição infantil em São Luís é de 47%

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

Os índices de desnutrição em São Luís, capital do Maranhão, atingiram níveis próximos aos de países pobres da África e Ásia, como Etiópia e Paquistão.
Quase metade (47%) das crianças entre 0 e 5 anos sofre de desnutrição crônica, apresentando déficit na altura em relação à idade.
A conclusão aparece em pesquisa do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal do Maranhão divulgada na semana passada.
A pesquisa foi financiada pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Comparado a um levantamento de 1991 da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e Secretaria Estadual da Saúde, o trabalho mostra que o número de desnutridos crônicos aumentou nove pontos percentuais em três anos. Em 91, o índice era de 38,2% na capital.
A nutricionista Sueli Tonial, 34, uma das coordenadoras da pesquisa, afirma que as sequelas são praticamente irreversíveis para a geração de maranhenses mal-alimentados.
``Essas crianças têm o tamanho de todos os órgãos reduzidos, inclusive o da massa encefálica."
Além de causar perda de 10 a 15 cm na altura do indivíduo, a desnutrição crônica prejudica o desenvolvimento intelectual.
``Elas só se recuperariam com muito estímulo da família, da escola ou da saúde pública, mas isso ainda não existe em São Luís", observa Sueli Tonial. ``É uma grande perda para a população."
Segundo a nutricionista, as autoridades públicas poderiam reduzir o déficit alimentar das crianças com uma receita simples: incentivando as mães a fazê-las consumir produtos locais -caju, cajá, buriti (côco), vinagreira (erva) e quiabo-, ricos em vitamina A e ferro.
Tonial afirma que menos de 1% das 800 crianças pesquisadas costumam comer esses alimentos.
``Existem fontes naturais de calorias que precisam ser valorizadas no Maranhão, em vez de se ficar importando alimentos sulistas, como cenoura e laranja."

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