São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 1995
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O poder do saque

CIDA SANTOS

Depois dos três primeiros dias de jogos da Liga Mundial, já deu para perceber que o saque continua ganhando cada vez mais a cena no mundo do vôlei.
A permissão para sacar de qualquer ponto da quadra está deixando o jogo mais lento e feio. Nesta Liga, onde entram em vigor as novas regras, vale a máxima: quem tem o saque, tem o poder.
Veja o que está acontecendo: podendo sacar de qualquer ponto da quadra, o jogador passa a ter um ângulo maior pela frente.
Resultado: maiores dificuldades para a recepção e para o levantador. Sem passe na mão, ele acaba apelando para a alternativa que resta: levantar a bola alta na ponta.
O jogo fica então mais marcado pelo bloqueio e perde a beleza das bolas rápidas, das fintas.
O Brasil, que disputa o primeiro torneio com novas regras, tenta se adaptar às exigências da recepção.
O técnico José Roberto Guimarães diz que a dificuldade dos jogadores é adquirir habilidade do lado direito.
Ou seja, até 94, quando valiam as antigas normas, eles passavam a bola no sentido da esquerda para a direita, lado da quadra onde o levantador se posiciona.
Com a liberação da zona de saque, os jogadores têm que treinar o movimento na recepção também no sentido contrário: da direita para a esquerda.
Um reflexo do crescimento do poder do saque é o maior número de atletas que os times estão colocando na recepção.
Zé Roberto fala que, em algumas situações, a seleção recebe saque até com quatro jogadores.
Mas, na quadra, o que conta é o resultado. Brasil e Itália estrearam na Liga em compasso irregular. Em dois jogos, uma vitória e uma derrota. Ponto para a Bulgária e, principalmente, para a Espanha, que surpreendeu os brasileiros.
Vale lembrar que a ``azzurra" está sem Zorzi, Bernardi, Cantagalli, Tofoli, Gardini e Bracci. Eles ganharam férias e só voltam para o Campeonato Europeu, em setembro. Na Itália, a prioridade é garantir vaga para Atlanta-96.
No Brasil, a situação é diferente. Como as finais da Liga serão no Rio e em Belo Horizonte, a seleção atua com a pressão extra de ter que disputar o título.
Vale perguntar: é vantagem abrigar a fase decisiva em um ano como esse? Questões à parte, pode se preparar: no final de semana, a Liga aterrissa em São Paulo.
Brasil e Espanha vão se enfrentar mais duas vezes. Pegue a camisa, arrume ingresso e bom jogo.

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