São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 1995 |
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Produto `diet' engorda, diz instituto
ALESSANDRA BLANCO
Esse é o resultado de duas pesquisas realizadas pelo Instituto Adolfo Lutz em 1993 e que devem ser divulgadas em revista científica no próximo mês. As empresas que trabalham com chocolate dietético e produtos de glúten contestam os resultados (leia texto abaixo). Foram analisados 15 chocolates dietéticos, 15 chocolates tradicionais, 59 amostras de produtos enriquecidos com glúten e 30 de produtos convencionais de diferentes marcas. Todos esses produtos podem ser perfeitamente usados por diabéticos, mas não por quem pretende seguir dieta de emagrecimento. Segundo a pesquisadora Rejane Weissheimer de Abreu, o chocolate é composto por massa de cacau, açúcar, aromatizante e conservante. No dietético, o açúcar é eliminado e em seu lugar é usado edulcorante (substância adoçante), como aspartame ou sorbitol. No entanto, para manter a consistência do chocolate ao retirar o açúcar, é necessário aumentar a quantidade de massa de cacau, aumentando também o teor de lipídios (gordura). Uma grama de açúcar tem quatro calorias. Já um grama de lipídio possui nove calorias. Ao substituir açúcar por lipídio, aumenta o valor calórico do chocolate. Entre as amostras analisadas, os produtos convencionais continham entre 506 e 549 calorias por 100 gramas. Os dietéticos apresentaram entre 503 e 615 calorias por 100 gramas. Já os produtos de glúten devem ter maior quantidade de protídeos (proteína) e menor quantidade de carboidratos. Essa substituição é determinada por legislação federal para que o próprio produto leve a determinação ``de glúten". Mas isso não significa uma mudança no valor calórico, já que protídeos e carboidratos têm a mesma quantidade de calorias por grama. ``O produto é indicado para os diabéticos porque contém menos carboidrato, mas não tem efeito em dietas de emagrecimento", disse a pesquisadora Deise Aparecida Pinatti Marsiglia. Masiglia encontrou em média 283,40 calorias por 100 gramas de pão de glúten e 271,42 calorias por 100 gramas de pão de fôrma tradicional. ``A diferença é insignificante: alguns produtos de glúten apresentam mais calorias que os normais e outros menos, mas não significa que um engorda menos que o outro", disse. Além disso, foi detectado que as empresas que produzem alimentos com glúten não estão seguindo a legislação federal, que estipula um mínimo de 28,5% de protídeos por 100 gramas de produto e máximo de 57,1% de carboidratos. ``Esse limite é imposto exatamente para que diabéticos consumam o produto e nós só encontramos pães de glúten com menos de 27,5% de protídeos e mais de 64,76% de carboidratos", disse. Para a pesquisadora, os consumidores vêm sendo iludidos por inscrições de ``diet", ``light" e ``baixa caloria" nas embalagens. O uso dessas determinações foi regulamentado por uma portaria do Ministério da Saúde publicada no ``Diário Oficial" na última segunda-feira (leia texto ao lado). ``Muitas empresas acabam usando essas determinações como propaganda ou atrativo para o produto, aumentando seus preços e vendendo mais", disse Marsiglia. O Procon (Coordenadoria de Proteção e Defesa do Consumidor) e a Abiadi (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Dietéticos) concordam com Marsiglia. ``Algumas empresas podem ter `enganado' seus consumidores, mas não havia nada a fazer, já que a legislação que regulamenta tais produtos só foi publicada segunda-feira", disse a nutricionista da Abiadi Márcia Terra, 30. Texto Anterior: Memorial da América Latina é tombado em SP; O NÚMERO; Folha promove debate sobre carreira médica; Jatene inaugura instituto de deficiência mental Próximo Texto: Termos foram regulamentados Índice |
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