São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Senado recebe emenda que iguala empresas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Câmara dos Deputados aprovou ontem, em segundo turno, a emenda que retira da Constituição a definição de empresa brasileira e que abre o setor de mineração às empresas estrangeiras.
A emenda foi encaminhada ontem mesmo para o Senado, onde precisará ser aprovada também em dois turnos para ser promulgada. Dos 513 deputados, 464 compareceram à votação.
O governo, que apresentou a emenda, perdeu 20 votos no segundo turno.
No primeiro turno, 369 deputados votaram a favor do texto, e 103 votaram contra.
Ontem, a emenda recebeu 349 votos a favor, 41 a mais do que o necessário. No total, 105 votaram contra. Houve dez abstenções.
O PMDB continua a ser o partido mais infiel da base governista -12 dos 105 deputados do partido se opuseram ao texto. Outros quatro peemedebistas preferiram se abster da votação.
O deputado Ayres da Cunha (PFL-SP), único pefelista cujo voto no painel eletrônico era contrário à proposta, retificou oralmente sua opção.
``Alguém já havia votado por mim quando eu cheguei no plenário", acusou o parlamentar.
Nenhum deputado do PTB votou contra o texto, mas dois deles se abstiveram.
A emenda sobre empresa nacional será a segunda a chegar ao Senado. A única que já está em tramitação nesta Casa é a que quebra o monopólio dos Estados na distribuição do gás canalizado.
O relatório elaborado pelo deputado Ney Lopes (PFL-RN) estabelece que uma lei ordinária irá definir o conceito de empresa brasileira. Atualmente, a Constituição garante privilégios às empresas brasileiras em contratos com o poder público e na exploração de minérios.
Privatização
No discurso em defesa de sua proposta, Lopes citou os exemplos de países como China, Cuba e Vietnã, que abandonaram todos os ``preconceitos" contra o capital estrangeiro, mesmo governados por partidos comunistas.
Falando em nome do PT, o deputado Marcelo Deda (SE) disse que a defesa da emenda estava baseada na ``falácia" de que o capital estrangeiro não age com liberdade no país.
``Até parece que o Brasil é uma virgem e que o capital estrangeiro se limita a esporádicas bolinações", disse. Para Deda, o principal objetivo da emenda é viabilizar a venda da Companhia Vale do Rio Doce a grupos estrangeiros.
O deputado Giovani Queiroz (PDT-PA) também atacou a abertura da mineração a empresas estrangeiras.
``O governo vai vender a Vale e dar nossas reservas minerais como brinde aos compradores", afirmou Queiroz.

Texto Anterior: Covas diz que direito de greve no setor público precisa ser revisto
Próximo Texto: Especialistas temem `avalanche' de ações
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.