São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 1995
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Especialistas temem `avalanche' de ações

Nova Previdência será contestada

CARLOS MAGNO DE NARDI
DA REPORTAGEM LOCAL

A reforma na Constituição articulada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso deverá provocar uma avalanche de ações judiciais, repetindo o que ocorreu quando o ex-presidente Fernando Collor de Mello promoveu o bloqueio das poupanças, em 1990.
A previsão é de especialistas em direito constitucional e tributário, ouvidos pela Folha ao final do segundo dia de debates do 16º Congresso Brasileiro de Direito Constitucional, realizado em São Paulo.
O ex-presidente do TRF (Tribunal Regional Federal) Américo Lacombe diz, por exemplo, que as áreas que mais devem receber contestação são a tributária e a da Previdência Social.
``Os empresários com certeza vão reagir às modificações na área tributária (impostos) e os assalariados vão brigar por seus direitos na Previdência". ``A Justiça vai ter mais trabalho e não está preparada para isso", disse Lacombe.
O professor de direito constitucional Ives Gandra Martins afirma que na Previdência Social o governo vai enfrentar problemas porque mexe em direitos adquiridos.
``Uma das propostas do governo já foi derrubada por ferir a Constituição", disse ele, ao se referir à proposta de quebra do sigilo bancário.
Na reforma econômica (quebra de monopólios), Gandra diz que o governo não enfrentará dificuldades. ``Tudo o que foi apresentado não tem inconstitucionalidade".
Durante o debate de ontem, os especialistas concluíram que os direitos e garantias previstos atualmente pela Constituição na área tributária não devem sofrer alterações.
Gandra cita como exemplo o princípio da anterioridade (um imposto só pode ser criado um ano antes de sua aplicação).
Outro ponto consensual é a necessidade de redução do número de tributos.
Pela proposta de Gandra, existiriam apenas quatro: sobre a Renda, Patrimônio Imobiliário, Circulação de Bens e Serviços e um para regular o comércio exterior.

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