São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 1995
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Grevistas recusam fim da paralisação sem reajuste

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os petroleiros recusaram ontem a proposta do senador Roberto Freire (PPS-PE) de retornar ao trabalho com a garantia de que o governo negocie depois.
Os grevistas querem que o governo ofereça um índice salarial para acabar com a paralisação.
O diretor da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Sérgio Pereira dos Santos, disse que a disposição da categoria é continuar a greve.
``Não vamos sugerir o término da greve se não tivermos uma proposta concreta", afirmou.
``Nunca alcançamos uma adesão como esta de agora e vamos reivindicar uma alternativa econômica."
Acordo
Apesar da recusa de Santos, prossegue a tentativa para uma saída negociada para a crise.
Apesar de não exibir ainda resultados concretos, desenvolvia-se ontem negociação de bastidores para acabar com a greve, tentando preservar governo e grevistas.
O presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, orientou ontem o líder do partido na Câmara, deputado Jaques Wagner, a tentar obter acordo com o governo capaz de encerrar a greve dos petroleiros.
O acordo poderia ser um sinal do presidente Fernando Henrique Cardoso de que, depois da volta ao trabalho, a Petrobrás negociaria salários. O presidente Fernando Henrique Cardoso e seus assessores mostram-se dispostos a enviar sinal de entendimento.
Na condição de interlocutor informal, o governador do Ceará, Tasso Jereissati, disse a lideranças dos petroleiros que, com o retorno ao trabalho, a Petrobrás estaria aberta a discutir a questão salarial.
O ministro das Minas e Energia, Raimundo Brito, sinalizou pelos bastidores a possibilidade de que, num ambiente de `` normalidade", qualquer assunto será aceito na mesa de negociação. Tradução: salários inclusive.
Foi o mesmo sinal emitido ontem pelo ministro do Trabalho, Paulo Paiva, para quem o fim da greve restabelece a possibilidade de negociação ``normal" entre empregados e empregadores.
Até agora, porém, os sindicalistas alegavam que só voltariam ao trabalho depois de concessões. E obtinham do Palácio do Planalto a informação de que o presidente não negociaria com grevistas.
O deputado Jaques Wagner tem alertado aos sindicalistas que os grevistas vão perder a ``queda-de-braço", o que seria desgastante não só para o sindicato, mas também para a CUT e o PT.
Ele se disse convencido de que o presidente Fernando Henrique Cardoso está mesmo disposto a não negociar com os grevistas e estaria disposto a ir até o fim. Wagner acredita que uma palavra do presidente de que seriam abertas negociações encerraria a greve.
O deputado e Lula chegam a suspeitar que, por trás da recusa, estaria um projeto clandestino do governo de ``quebrar a espinha" do movimento sindical. A ofensiva teria por objetivo minar resistências para o plano de desindexação dos salários, quando se aguarda uma reação dos sindicatos.
Os sindicatos dos professores e dos telefônicos de Brasília vão pagar uma campanha de rádio, televisão e jornal em apoio à greve dos petroleiros. Os anúncios em jornal e rádio serão veiculados hoje e a propaganda em TV começa amanhã.

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